O objetivo desse estudo da linha de pesquisa freudiana é
analisar o comportamento de um grande picudo da filosofia contemporânea e
explicar como foi possível a materialização de tamanha genialidade. É isso
mesmo. Vou falar dele, o alemão bigodudo, o viciado em remédios controlados, o
grande Tio Nini, Friedrich Nietzsche para os menos íntimos. Meu breve estudo
tem por finalidade comprovar a seguinte afirmação: o grande gênio da “raça-ariana”
(ah, Nini!) não copulava. É isso mesmo. Não introduzia o baguete na manteiga,
não dava bananada na cara das chicas, não usava o bilauzinho para atividades
sexuais. Salvo os momentos mais íntimos com as próprias mãos, é claro.
Para
comprovar minha tese, usarei três argumentos. O primeiro deles foi o que iniciou
minha reflexão. Meu projeto para esse estudo surgiu quando comecei a refletir
sobre a repulsa de Tio Nini quando o assunto é o sexo feminino. Sempre percebi em
suas obras um claro desprezo pelas fêmeas, que não serviriam para nada além da
cópula. Eu poderia utilizar citações de inúmeros de seus livros, mas estou com
preguiça de catar os que tenho em minha estante. Mas isso não quer dizer que,
em minha conturbada cabecinha, eu não tenha muitas referências dele. Enfim,
sendo assim, usarei unicamente como referência aqui a última obra que li dele: Além do bem e do mal.
Pois
bem, vamos fazer uma breve análise das seguintes citações:
É ilícito duvidar que a
mulher queira ou possa querer esclarecimento sobre si... Se com isso ela não
busca para si um novo enfeite – creio que enfeitar-se é parte do eterno
feminino, não? -, então ela quer despertar temor – talvez até dominar. Mas não
quer a verdade: que interessa à mulher a verdade! Desde o início nada é mais
alheio, mais avesso, mais hostil à mulher que a verdade – sua grande arte é a
mentira, seu maior interesse, a aparência e a beleza.
Ou
seja, nós, mulheres, vaginas escrotas, somos umas falsas, manipuladoras e
fúteis, que temos como único objetivo na vida cuidar da aparência para tentar manipular
os homens-penianos, que administram com tanto primor a civilização. Então ele
prossegue:
Vamos confessá-lo nós
homens: nós festejamos e amamos precisamente essa arte, esse instinto na mulher:
nós, para quem as coisas são pesadas e que de bom grado nos juntamos, para
obter alívio, a seres cujas mãos, olhares e ternas tolices nos fazem parecer
quase tolice a nossa seriedade, nosso peso e profundidade.
Traduzindo:
ainda por cima somos responsáveis pelo desvirtuamento de todo potencial
intelectual humano, com nossas tolices imbecis. A profundidade existencial dos
machos copuladores sofre com nossa essência pueril. Ai, Tio Nini, meio
socrático isso, não?
O
pior é que, o único orgulho da fêmea-portadora-de-cona em uma sociedade sexista,
ele faz questão de também esculhambar:
A estupidez na cozinha;
a mulher como cozinheira; a terrível leviandade com que se cuida da alimentação
da família e do chefe da casa! A mulher não entende o que significa o alimento:
e quer ser cozinheira! Se a mulher fosse uma criatura pensante teria
descoberto, cozinhando há milênios, os mais importantes fatos fisiológicos, e
teria também aprendido a arte da cura! Por más cozinheiras – por total ausência
de razão na cozinha é que a evolução do homem foi mais longamente retardada,
mais gravemente prejudicada: isso pouco mudou em nossos dias. Um aviso para as
moças que frequentam o secundário.
Okay,
Tio Nini, deixe-me ver se eu entendi. A culpa pela humanidade ter falhado em
seu projeto iluminista e ter chegado ao ponto em que a modernidade vê seu
conceito esvaziado, dando espaço para o que chamamos de hipermodernidade, segundo Gilles Lipovetsky, ou supermodernidade, segundo
Marc Augé, ou o meu preferido, Modernidade Líquida, segundo Zygmunt Bauman, é nossa! A culpa é nossa, mentecápitas mulheres, que não
sabemos cozinhar direito. Gentchi, preciso admitir que nunca me senti tão mal
por não saber nem fritar um ovo. Pena eu só ter lido isso bem depois de ter
terminado o secundário.
Mas
melhor do que isso é quando ele diz que as mulheres devem viver à base da
chibata, pois esse é o caminho da evolução da humanidade.
O homem tem que
conceber a mulher como posse, como propriedade a manter sob sete chaves, como
algo destinado a servir e que só então se realiza; ele tem que se apoiar na
imensa razão asiática, na superioridade de instinto da Ásia (...), à medida em
que cresciam em cultura e força, pouco a pouco tornavam-se mais rigorosos com a
mulher, isso é, mais orientais.
E
para el grand finale desse momentinho citações de tio Nini, afinal, essa é só meu
primeiro argumento, encerro com a seguinte frase:
Em nenhuma época o sexo
frágil foi tratado com tanto respeito pelos homens como na nossa.
Simone Beauvoir, com todo aquele papo existencialista
de que ser mulher é apenas uma questão de construção social, poderia ter sido
BFF (Best Friend Forever) dele, se não fossem as limitações geográficas. Tudo
bem, a Europa é um ovo, da França para a Alemanha é um pulo, mas foda-se, vocês
entenderam o que eu quis dizer. Sarcasmo e deboche nem sempre é meu forte, não
sei se deu para perceber.
Pois
bem, não pensem que eu seria vazia a ponto de concluir que essa pequena
implicância de Tio Nini com as conas-de-plantão seria motivo suficiente para me
fazer cismar que, de uma boa xana, ele não sentia nem o cheiro. Fui além em
minhas reflexões. Na verdade, eu divido os escritos de Nietzsche em duas
categorias: a sóbria e a insana. Ambas geniais, é claro. Mas se em alguns
momentos ele parece um senhor acadêmico recatado em seu estilo, em outros ele
faz a total maluca e escreve como se fosse um insano cheio de cocaína na mente.
Nessas
passagens estilo insana, ele adora dar uma de surtado egocêntrico e se autodeclara
o homem superior, o filósofo que está acima da maioria de bestas que só sabem
discutir sobre o que seria moralmente correto e blá-blá-blá. Já senti alguma
coisa aí. Então, em Assim Falou Zaratustra ele me vem com aquele papo de super-homem.
E por que ele inventou essa história de um super-homem? Porque ele não usava a
super-jeba para nada que não fosse uma boa super-punheta. Logo, o super-homem
era seu alter ego comedor, algo bem no estilo Clube da Luta, em que o esquisitão-come-ninguém projeta sua imagem
no gostoso do Brad Pitt.
Quando
você pensa em super-homem, você pensa em quê? No clássico das histórias em
quadrinhos! E isso te leva a pensar em quem? Nos nerds adoradores do Super Homem,
que não comem ninguém, mas que são fãs do homem de aço. Super Homem, o grande
ídolo dos punheteiros de plantão. Sensacional.
Sendo
assim, apresento meu último argumento. Como é que um homem poderia ser tão
genial e mandar todo mundo lascar a moral para puta que o pariu, pedir que não
fôssemos os macacos e seguíssemos nossa linha de pensamento, e vir com todo aquele
papo de “deus está morto”, se o cara perdesse o tempo dele transando? Ou um, ou
outro, meus queridos e queridas. Não dá para ser gênio e fudedor ao mesmo
tempo. Ele concentrava todo seu furor sexual frustrado escrevendo genialidades.
Uma jeba não utilizada tem potencial de fazer milagres.
E
vamos ser sinceros: infelizmente, mulheres em geral não curtem nerds-bigodudos-punheteiros,
que vivem se vomitando em crises de enxaquecas homéricas. Aí, elas não queriam
dar para ele, aí ele escrevia mais, mais, e mais, ficava ainda mais esquisito,
aí é que as mulheres não queriam dar mesmo... vocês não percebem?! É um evento
cíclico! Mas gentchi, é tão óbvio!
E
encerro essa minha pequena tese com a singela conclusão: Nietzsche era um gênio
porque não transava, e não transava porque era um gênio. Palmas às mulheres que
recusaram suas honrosas xanas em flor para o bilau em chamas do Tio Nini.
Devemos as reflexões desse grande pensador a vocês.