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17 de mar. de 2014

Glóbulos, e quase te liguei

 

Encostada no muro do Museu da República, uma velha deu o papo reto: o coração tem razões que o coração desconhece.

-O que é o coração?-

Quase te liguei para perguntar. Mas preferi deixá-lo a vontade. Sei o quanto interrupções geram caos. Sei da necessidade do caos, embora saiba mais sobre a facilidade de viver sem ele. Apesar de pouco viver assim, desse modo, tranquilo.
Não estou verbalizando nada, mas preciso confessar, joguei o que é glóbulo vermelho no google. Na verdade pensei em te ligar para perguntar se você saberia me explicar o que é glóbulo vermelho.
Mas fiquei preocupado de estar gerando algum transtorno compulsivo obsessivo, ah, desculpe, me disseram que este termo já está até fora de moda. A onda agora é falar sobre a síndrome de borderline ( ou transtorno de personalidade limítrofe), também ouvi dizer que é grave. Mas ouvi que muitos estão fadados ao descontrole do coração. Afeto disfuncional. Que coisa mais moderna, que horrível.
Prometo que vou parar de enviar estas mensagens. Estou só me assegurando de que você está me compreendendo. Espero que você realmente esteja.
Então, sobre os glóbulos, eu até cheguei a confundir com lóbulos. Veja só que cabeça a minha, de vento, bem que você sempre me dizia.
Lembrei até que a gente tinha marcado de vermelho, com o batom da sua amiga Fernanda, um círculo no calendário (Dia Red), que dia era mesmo? Você lembra? Não consigo lembrar também o que havíamos planejado. Talvez seja algo relacionado a fertilidade?
Mesmo sendo homens tínhamos essa brincadeira de período fértil. Que loucura, que viagem. Nos divertíamos achando que nosso tatibitate seria contemplado pela lua crescente também.
Sempre que eu ouço uma voz que lembra a sua, eu toco no meu lóbulo esquerdo. Eu juro, eu juro, é involuntário. Chega a ser ridículo. Eu me divirto, confesso. Eu fico apertando o meu lóbulo que nem um menino carente, desses que estão lutando diariamente com a noite para deixar de usar a chupeta.
Que falta de rir contigo vendo vídeos raros do Monty Python. Caramba, estou falando demais. Termino por aqui então, espero que você tenha sinceramente, parado de usar aquela calça cargo com bolsos coloridos. E também parado de fumar dormindo. 

Abraço,
Gordon P. 


Ah, lembrei de você numa viagem 
Coimbra, Portugal - outubro/2013

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