Para os mais conservadores, a reprodução nos
dias de hoje de algumas programações exibidas na televisão brasileira na década
de 90 seria o auge da perversão e afronta à moral e bons costumes da família
cristã. Um dia desses, me deleitando com bizarrices disponíveis no YouTube, por
exemplo, fiquei estarrecida com vídeos que eram comuns na época (inclusive para
mim), mas que hoje causariam um verdadeiro auê, principalmente se exibidas
assim, bem à luz do dia, para vovozis e criancinhas assistirem.
Quem não lembra da Sara, uma morena gostosona
que ao som da música “Strip Tease”, da Companhia do Pagode, ficava praticamente
pelada, só com duas estrelinhas no bico do peito, para a alegria da rapaziada. Isso
em pleno horário nobre (ou em qualquer outro horário que fosse, não tinha tempo
ruim). Considerando a ainda parca existência da internet na época, esse era o
máximo que muitos rapazotes no auge de sua puberdade viam de uma mulher, já que
a pornografia não estava assim, tão à mão.
Tinha também a banheira do Gugu, em
que as mulheres ficavam com a rabeta para o alto e tinham suas peitolas
saltitantes comumente exibidas, permitindo que em pleno um domingo à tarde todo
mundo visse moçoilas de corpos protuberantes com tudão de fora. Isso quando não
aparecia uma tal de gata molhada, que consistia em uma xôveim trajando blusa branca, sem nem um sinal de fumaça
de sutiã, se deliciando embaixo de um chuveiro, assim, no meio do programa. Mas
esse Gugu era mesmo um brincalhão e todo mundo achava tudo aquilo muito legal.
Saudosismos à parte, ainda tem mais, meus
caros e minhas caras. Muito mais. Os exemplos que citei acima são apenas os
mais óbvios. E como não curto obviedades, não estou escrevendo nesse momento para
falar de rabetas e peitolas de fora. Esse post é para falar da danadona da
Angélica, a mais virada na pomba de todas, que com aquela carinha de
santa-virgem discursava as maiores perversões e todos ovacionavam, encantados
com a linha menina-angelical.
Pois deixem-me explicar melhor. Estava por esses
dias em um videokê e, no auge do teor alcóolico geral, uma alma etilicamente
emocionada teve a feliz ideia de cantar “Vou de Táxi”. Não sei se foi efeito da
Cátia, mas pela primeira vez em toda minha vida prestei atenção na total
depravação do que seria apenas uma inocente música, outrora reproduzida por
pobres crianças, velhinhas bondosas e gentchi de beim, que não se davam conta da
ode à putaria que é essa singela canção. Pois bem, para quem duvida do que eu
falo, vamos analisar a letra de “Vou de Táxi” cuidadosamente.
Pela janela do meu quarto
Ouço a buzina
Me chamando
Quem será que vem me acordar?
Ouço a buzina
Me chamando
Quem será que vem me acordar?
(A
danada tem tanto macho que nem sabe quem é o da vez)
Mas no banho
Foi só me tocar
(Siririquenta assumida e explanada, fazendo do ato da
dedilhada algo romântico e não uma ato puramente mecânico-sem-vergonha,
permitido às mulheres o direito à livre expressão da bronhada feminina)
De repente
Lembrei do teu olhar
No espelho
A cor do batom
Lembro o beijo
Que foi pra lá de bom...
Lembrei do teu olhar
No espelho
A cor do batom
Lembro o beijo
Que foi pra lá de bom...
(Se tem
batom no espelho dela, obviamente não é o da boca dela, foi alguém que deixou
lá. E se esse batom a faz lembrar de um beijo, provavelmente é porque o outro
personagem desse enlace é... uma mulher!!! Ou seja, além do tributo à siririquice,
Angélica lançou a pauta das moças que curtem mesmo é colocar a aranha para
brigar, sendo uma das precursoras da defesa à causa LGBTS na televisão aberta)
Vou de táxi, cê sabe
Tava morrendo de saudade
Mas nem lembro do teu nome
Tava morrendo de saudade
Mas nem lembro do teu nome
(A danada fez barba, cabelo, bigode e não lembra nem qual é o
nome do/da moço/moça)
Não tem pressa
Teu jeito de olhar pra mim
Me arrepia
Me leva, me faz viajar
Pelo céu..
Pelo sol...
Pelo ar...
(Percebam bem, caros leitores, que aqui ela acaba de
descrever um orgasmo, em uma música amplamente difundida nas casas da família
brasileira)
A escola pode esperar
(Mas como? Escola? Isso aponta para uma personagem ninfeta-mirim.
Veja bem que essa frase apresenta duas informações impactantes. A primeira: as
novinha qué dá. A segunda: Matar aula para putaria tá liberado. Aconselho as
pessoas de beim a não deixarem suas filhas adolescentes criadas para serem uma
mulher-para-casar ouvirem isso)
E para quem quiser conferir o clipe logo abaixo, nem vou falar sobre o tal do “Angelical touch”, que aparece logo no início do vídeo. Como diria a colega Cleycianne, chocada em Cristo.
Essa tua estória dos primórdios da sacanagem brasileira em canal aberto(sem duplo sentido) me lembrou daquelas análises musicais do impagável blog "Banheiro Feminino". Lá tinha algumas que me faziam rolar de rir como uma da música "Sonho de Ícaro", do Biafra. Muito bom, vou compartilhar pelo ciberespaço. Beijão. Ricardo Mainieir
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