Então me pergunto porque você foi embora. Não que tivesse me feito promessas. Muito menos eu prometi qualquer coisa a você. Mas acho que foi exatamente por isso que te amei – por apenas algumas horas, mas amei: porque não houve expectativas. E por não existir nada que me prendesse a você, naquela noite te amei. Depois esperei não esperando que você se tornasse um adeus. E você acabou mesmo indo, sem que eu quisesse que partisse. Foi como se sua presença tivesse se dissolvido no tempo. Sequer precisou se despedir. Você também não fez questão disso. Nem eu queria ouvir.
Não sei se minto para mim mesma quando penso que te amei. Não sei se eu continuaria achando que houve amor se você não tivesse ido. A verdade é que você nunca sequer ficou. E meus sentimentos nada mais foram do que projeções flutuantes, que só se manifestaram por eu saber que você nunca esteve ali. Se eu tivesse certeza sobre você, talvez jamais tivesse te amado. Nem mesmo por poucas horas que fosse.
Agora não sei se te amei ou se apenas inventei, para tapar um buraco de sentimentos que nunca existiram. Não sei se te amei porque quis, porque precisei, ou apenas porque senti te amar. Não sei nem mesmo se senti o que quer que fosse. Mas você foi embora. Eu nunca irei saber.