As roupas estão sufocando meu corpo, que transpira nessa tarde de dezembro. Estão úmidas, grudando na pele, limitando movimentos. Camadas e mais camadas de tecido estão impedindo que eu me sinta, não deixam meus poros respirarem. E me vem um querer que não entendo, esse querer de me despir, não importa onde eu esteja agora; estou me desfazendo de cada pedaço de pano que esconde minhas partes, meus pudores.
Mas essa pálida sensação de liberdade, que está brotando sem pretensões a cada peça retirada, esmorece com o julgamento covarde de quem não compreende o calor que estou sentindo. Ainda assim, minha vontade ultrapassa os limites do que seria sensato – essa moralidade estúpida e hipócrita – e eu insisto.
Agora, sinto uma euforia ainda maior, enquanto vou sendo invadida pelo desejo de arrancar esses trapos e jogar todos bem longe de mim. Emaranhado de linhas tão caras, talvez até mesmo para você, mas que para mim não têm valor algum. E quanto mais eu tiro, mais recriminada eu sou. O que posso fazer se está muito quente e minha carne derrete com todo esse vapor, essa umidade escaldante?
Não quero ninguém me protegendo do sol, deixem-me queimar sozinha e em paz. Mas por inveja, por despeito, quem sabe covardia, não me deixam. Ninguém está preparado para enfrentar minha nudez. E me escondo – muito – por debaixo dessas mantas, desses pêlos, dessas peles que não são minhas. E que me fazem querer gritar.
Mas essa pálida sensação de liberdade, que está brotando sem pretensões a cada peça retirada, esmorece com o julgamento covarde de quem não compreende o calor que estou sentindo. Ainda assim, minha vontade ultrapassa os limites do que seria sensato – essa moralidade estúpida e hipócrita – e eu insisto.
Agora, sinto uma euforia ainda maior, enquanto vou sendo invadida pelo desejo de arrancar esses trapos e jogar todos bem longe de mim. Emaranhado de linhas tão caras, talvez até mesmo para você, mas que para mim não têm valor algum. E quanto mais eu tiro, mais recriminada eu sou. O que posso fazer se está muito quente e minha carne derrete com todo esse vapor, essa umidade escaldante?
Não quero ninguém me protegendo do sol, deixem-me queimar sozinha e em paz. Mas por inveja, por despeito, quem sabe covardia, não me deixam. Ninguém está preparado para enfrentar minha nudez. E me escondo – muito – por debaixo dessas mantas, desses pêlos, dessas peles que não são minhas. E que me fazem querer gritar.
Uma new Lady Godiva tropical!
ResponderExcluirA nudez do corpo, quem sabe, não quer referenciar à liberdade de pensamento & ação.
Artigo raro e muito tolhido nestes tempos de amores & medos líquidos...
Beijão.
Ricardo Mainieri