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3 de dez. de 2011

Monstra

Foi parida. Cuspida à vida com muitos olhos, ouvidos e corações. Uma anomalia da natureza, passou a infância com vergonha de si mesma, repudiada em ambiente hostil. Não se encontrava onde vivia. Teve o primeiro orgasmo aos 7 anos, na quina da cama, com uma foto do Márcio Garcia.

A monstra cresceu. Sem deixar que a repressão corrompesse sua alma. Mas nunca deixou de tentar (ou fingir querer) corromper os sentimentos. E para extravasar todo amor que sempre sentia, escrevia poemas que nunca diziam nem nada diriam. O sentimento não se explica nem se prevê. Apenas se sente.

Todos os dias se apaixonava. E sofria. E mentia para si mesma,quando dizia para quem quisesse ouvir que odiava o amor. Julgava os outros por dizerem o que não condizia com suas perturbações mentais. Mas não entendia que sua mente também perturbada a enganava, e sem perceber, ela mentia.

(anotação n° 1)
Procurei no dicionário a definição de “ódio”. Tomei um susto quando uma das primeiras palavras listadas foi “amor”.

Não há lógica nem razão em discursos sobre o amor. E só para lidar com a dor, a monstra queria – mesmo sem querer – uma satisfação do sentir. Ela dizia sonhar em manipular mentes - seria mais fácil. Mas jamais suportaria uma essência humana que permitisse a submissão de seu coração à manipulação. Medíocre e limitada demais para ela.

Ouvia demais e se assustava com o tudo que escutava. Via demais e ficava na dúvida se realmente via. Falava demais sobre o que sentia. Mas para sua sorte, podia canalizar tudo isso nos vários corações que tinha. E nas inúmeras formas diferentes de amar, que sempre descobria.

A monstra poderia ser uma eterna sofredora deslocada. Mas em vez de se esconder e lamentar, foi à rua e vive a vida. E digo que apesar de toda sua loucura, esquisitice, idiossincrasias... invejo e amo a monstra que tem tantos corações e consegue se apaixonar todos os dias.

(anotação n° 2)
Posso encontrar no dicionário a definição da palavra “inveja” como “a autoprojeção que não se manifesta em mim”? A monstra também sou eu. Mas em outro sentido. De outras maneiras.

3 comentários:

  1. pelo que entendi na historia o amor faz sofrer e creio que era isso que não queria! Pinã queria lhe conhecer e passar a sentir mentalmente todas essas sensações como havia dito em outro comentário eu aprendo com o mundo feminino a ser a cada dia mais homem e a ter aos poucos mais definições sobre o que é uma mulher e sempre que posso acompanho é muito bom!

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Áhh, que fofo você comentar!!!