Parecia que eu tinha entrado em uma psedo-Nárnia, um mundo mágico com seres estranhos tanto quanto estátuas do século XIX para uma festa daquele naipe. A noite era de Cabaré e atravessei os portões daquele palacete encantado em busca de diversão.
Estava com uns amigos, mas cada um no seu estilo, parecia até que não estávamos juntos, ou que éramos completamente desconhecidos tanta era a diferença entre nossos visuais. Mas junto aquela gente toda, era fácil nos encontrar, assim como todos os outros amigos. Estávamos diferentes e todos os outros iguais: moderninhos em busca de identificação. Nosso objetivo era outro. Qual? Não sei, só tenho certeza que não era para ficar indiferente aquele grupo de pessoas.
Um grupo adentrou ao salão do Cabaré enquanto uma banda tocava algumas canções. Vestidos de festa, roupas de couro, fraldas, saias, sandálias, máscaras, chicote e nudez, tudo junto nas mesmas pessoas e no mesmo lugar. Uma miscelânea de cores, imagens, formas e sons. Entre cervejas, caipirinhas e tequilas, levamos a noite. Dançamos, nos esbarramos, beijamos. Ficamos todos doidos demais para suportar a paralisação de alguns cidadãos naquela de devia ser a noite da saliência carioca. Fomos zoar o plantão. Mais álcool em nosso sangue já ralo. Mais entorpecentes para liberar a mente.
Então, no sofá em uma viagem profunda, alguém levanta meus pés como em um filme dos anos 20, me senti realmente aquelas damas que moraram ali. O sapato foi tirado e senti aos poucos algo molhado. Por todo o pé. Olhei e ficamos ali: eu na mesma posição enquanto ele acariciava meu pé com a boca. Não mais que de repente, estava novamente no meio da multidão, agora descalça, com os pés no chão sentindo outras texturas, entre mais amigos e bebidas, nos permitindo mais algumas doses para colocarmos o bonde na rua a caminho de casa.
Uma festa dessas só no próximo ano. Ou melhor: acho que nunca mais. Ou é fácil encontrar alguém em uma festa temática que você nunca viu para cair literalmente a seus pés e lamber o chão que você pisou? Algo como voltar no tempo e sentir mulherzinha, algo profano e puro ao mesmo tempo, momento de liberdade e realização. Saliente, envolvente e nada invasor.
Saliênciiiiiiiiiiia!
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