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23 de out. de 2011

borrão






(...) e procurou saber em que momento as curvas de seu caminho se afastaram tanto de quem ela foi tão próxima, durante tanto tempo. E fizeram com que ela olhasse com desprezo para quem um dia se viu refletida. E fizeram com que aquele que era capaz de enxergar em sua alma supostas verdades que ela sequer sabia admitir para ela mesma, hoje fosse incapaz de entender o que ela dizia claramente, com todas as letras.

Quem havia mudado tanto? Ela ou ele? Ou foi algo que aconteceu aos dois ao mesmo tempo? Caminharam por lados opostos sem se darem conta, sem dizerem ao menos um até logo, até que ela percebesse sozinha o quanto estavam distantes. Distância que o transformou apenas em um ponto embaçado às suas vistas. Sequer poderia ser referência para alguma coisa, de tão pequeno e disforme. Agora apenas um borrão de proporções medíocres que não mais a interessa. Que às vezes mesmo sequer suporta a presença, tamanhas são as diferenças.

E não entende como ele não conseguiu perceber isso ainda. Ou finge que não percebe. Não consegue compreender como foi que em algum momento de sua vida pôde achar que sua redenção estaria ali: redenção de suas confusões mentais, de sua essência perturbada que teria nele sempre um refúgio.

Como pode o ser humano mudar tanto assim em tão pouco tempo? E se atormentar com dúvidas que nunca imaginou que poderiam existir. Ela saiu tanto de si e por isso mudou tanto, que já não era mais ela. Ela buscou se livrar da amarras que a prendiam. Mas não consegue se livrar de vez dos rastros de suas antigas pegadas.

Ainda não sabe se é capaz de sentir algum tipo de dor por ter se distanciado tanto do não-lugar para onde deveria ir. Talvez viva em constante torpor. Ainda não se deu conta do choque que é ser totalmente sozinha. O que ela sente agora - por incrível que pareça - é alívio, como se tivesse se livrado de um peso. Talvez se sinta em paz, por saber que ninguém mais é capaz de entender o que esconde em seu coração.






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