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12 de out. de 2011

Carne


Antes de dilacerarem o corpo, vendeu a alma. Foi negociada em uma mesa cirúrgica, entre facas, agulhas, anestesias e revistas photoshopadas da playboy.

Reduzida a um pedaço de carne que pode apodrecer a qualquer momento, finge frescor untando-se com quilos de conservantes.

Genitalizou o sexo, trepada agora só se for como no filme pornô. Ela nem precisa gozar, contanto que gostem.

Expiou após a mutilação, extração de todos os pedaços de gordura e nervos; comum a todas as massas, mas que nessa aglutinação de nada se tornou objeto estranho. Precisava ser expelido.

Tentou se tornar um pálido reflexo de uma perfeição inexistente. E quando se olhou no espelho, não viu. Enxergou fatias de plástico, que nada diziam sobre o que ela era.

- Por que você vive, se ninguém enxerga em seu rosto, em seu corpo, o que você é, o que você foi? De tanto ninguém te enxergar, nem mesmo você se enxerga mais.

- Meus olhos apodreceram. Fazem com que eu veja o que não quero ver. Minhas mãos tocam uma pele flácida que eu não quero ter. Estou suja. Estou suja.

Viu um caldeirão gigante com látex derretido, pulou dentro. Não pôde mais se mexer, mas sustenta perfeitas – e enrijecidas – formas de borracha. Fede a silicone.

6 comentários:

  1. Nós homens, não podemos negar que as formas harmônicas nos agradam. Porém, a custo de um alto investimento monetário e de uma despersonalização, não valem nada.
    O sexo, como nos filmes pornôs, sem alma nenhuma é como digo "uma disputa entre anatomias.
    Não posso negar que aquelas mulheres disponíveis e insaciávies me excitam, mas elas não são reais, não dividem a conta do barzinho, nem o papo-cabeça, nem tem TPM ou menstruação.
    pelo menos, até agora, não peguei nenhuma Siliconada pela frente. Não sei o que sentiria...
    Pelas mulheres naturais de mente e corpo.

    Beijão.

    Ricardo Mainieri

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  2. "Mulheres naturais de mente e corpo" Quem me dera, ricardo, ter elevação espiritual para atingir tamanha façanha.

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  3. Não falo de naturebas, Piña, apenas de mulheres com seus atrativos físicos naturais com uma cabeça aberta ao novo e à cumplicidade.
    Daquelas que não tenham muita simpatia pelo projeto casamento convencional/filhos/carro do ano/almoço com a parentada aos domingos...

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  4. Melhorias são bem-vindas, desde que não se perca a essência. Não me importo de um peitinho de plástico aqui, uma pelanquinha a menos ali.. Faz parte. É só pensar que todas as Mulheres daqui gostariam de um cara esculpido na cama ( e em outros lugares interessantes também ) ao invés deste barrigudo etílico, para usar um exemplo inverso...

    Só fica terrível quando o camarada prefere ir à academia a dar atenção à espécime feminina associada.

    Neste ponto, prefiro minha pança ;]

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  5. Tenho medo de mutilações. Tenho medo de alterar o corpinho que a genética me deu. Perder minha essência, afinal, já mudei tanto desde que nasci... quero muito saber como vai ficar. Igual a mamãe? Igual a vovó?
    Não quero ficar como todas as outras. Quero ser reconhecida. Quero que passem por mim e digam "você não nega a família". Como seria se eu mudasse tudo?
    Peitinho de plástico? Pode comprar para o carnaval, tem um montão de lugar que vende e você pode amarrar com fitinha. Pelanquinha? Gosto de pele, de ter o que pegar, morder e puxar.
    Também sou mais um barrigudinho etílico que um saradão que não dá atenção às coisas mais gostosas da vida.
    Não quero nada plastificado, nada pré-moldado, nada padronizado. Quero personalização. Se todos fossem iguais, como escolher alguém? Pelo branco dos olhos?

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  6. Essência é individual.

    Uma pessoa pode fazer mil modificações ou continuar a mesma a vida inteira. Se não tiver essência, apenas segue sem nenhuma crítica idéias e valores de outra pessoa, não tem personalidade.

    É apenas uma cópia mal feita de identidade.


    É assim que escolho: exigindo o documento original.

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Áhh, que fofo você comentar!!!