Mão de deus diz: Ei, filhote de saci, desce já daí, quantas vezes teu horizonte já não foi descrito: “fica no baixo, tu não é dirigível, nem avião de papel, fica no baixo”.
Gato diz: Não, não quero o baixo, me deixe no alto. Não quero chão, me deixe voar e sentir o vento bater em minha xota felina quando minhas pernas abrem em meus voos solitários.
Mão de deus diz: Quando foges e sobes no alto, machuca teu coração bobo, que pensa que pode voar. Poupa o trabalho do sonho que as durezas da vida entopem teu canal da simbiose. Fique na boa, viver tentando é dose.
Gato: Meu coração já está esfolado. Prefiro espalhar migalhas do alto do que sufocar preso à dureza desse chão. Daqui não apenas sonho, como vejo de cima outros sonhos, enquanto aperto meu baseado.
Gato: Mas come o rato que mora no alto.
Poema em parceria com Caipirinha da Silva
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Áhh, que fofo você comentar!!!