Já sei, já sei. Vai rolar aquele papinho “Mas como??? Ela vai falar daquela merda de BBB?”. É, é isso mesmo, vou falar sim. E não pense você, culto leitor, que eu vou falar mal da menina dos olhos de Irineu Marinho. Eu vou é falar mal desse público hipócrita, que em primeiro lugar não assume o que assiste, e em segundo lugar, usa de um moralismo escroto para votar em quem fica e quem sai da casa.
Vamos lá. Todo mundo mete o malho no BBB. Meu Facebook, nos últimos dias, ficou cheio de reclamações de pessoas muy intelectuais que odeiam o programa.Curiosamente, a exibição Global mais rejeitada pelo público brasileiro apresenta um dos maiores picos de audiência em rede nacional. Mas se todo mundo enche a porcaria da boca para dizer que “aquilo ali não presta”, onde estão essa pessoas, oh pai, que contribuem para o ibope da Globo parar nas alturas?
Eu já assisti muito BBB, sim. Aí, vem você me dizer que é um desperdício de emprego de tempo. Foda-se. Não dá para ser 100% cult o tempo todo. Mas, se você pensar bem, nem tudo está perdido e eu me permito uma singela reflexão. O fenômeno Big Brother nada mais é do que uma prova da necessidade patológica que o ser humano tem de aparecer. Ou vai dizer que você nunca se pegou pensando “imagina eu naquela casa?”.
Mas você – seja você o José da Quitanda ou o Mané da Academia - não sabe fazer porra nenhuma, não sabe atuar, não sabe cantar, para falar em público é uma desgraça. Ora bolas, como é que o moçoilo pimpão vai mostrar para esse mundo globalizado, onde o indivíduo se perde em meio as milhões de informações que o bombardeiam diariamente, que ele existe? Que existem pessoas como ele? Ele vai fazer uma gravação tosca e mandar o vídeo para o Projac, na esperança de que a toda poderosa entidade intitulada Pedro Bial assista.
Mamãe, estou na TV
O problema é que até mesmo para entrar no BBB o engraçado tem que fazer a linha sou-garboso-gostoso-sensual. O público não se vê representado, mas sim, a representação do que ele gostaria de ser - apesar de não estar entre minhas prioridades um peito siliconado e uma bunda mais dura que mármore. Ainda assim, devo admitir que a Globo melhorou um pouco - mas veja bem, muito pouco - a pluralidade dos confinados.
Temos aí nossa cota de negros. Apesar de representarem uma boa parcela sociedade, o máximo que a casa comporta é o número dois, e olhe lá. Temos a cota homossexual, que tem sido cada vez mais extensa. Na última edição, até uma gordinha entrou. O que foi muito bom, pois eu estava começando a achar que algo estava errado comigo e com 99% das pessoas que conheço. Esses seres, tão peculiares como eu, não parecem ter acabado de sair de uma caixa de plástico.
Mas, apesar de a “mulher gostosa” ser presença predominante, nunca uma mulher gostosa ganhou nada, por mais que seu destaque no jogo fosse além das grandes nádegas. Apenas duas moçoilas conquistaram o grande prêmio até hoje, por um único motivo, diga-se de passagem: eram pobrinhas, coitadas.
Eu achei um absurdo a Priscila - para quem não sabe, uma morena toda gostosona - ter ficado em segundo lugar (não lembro em qual edição), perdendo o prêmio para o perfil tradicional de vencedor de programa: jovem rapaz, simpático, branco, que faz a linha cool com todo mundo – ou pelo menos com a maioria das pessoas. O pensamento reinante foi “a rabuda vai ganhar dinheiro quando pousar para Playboy”. Papai... depois a sociedade reclama da vulgarização da mulher.
Mas eis que ontem fiquei sabendo que Maria ganhou essa edição. Com esse feito, a sister bem que merecerua entrar para a história dos BBBs. A mulher é boazuda, pegou DOIS bombadinhos na casa, tem vídeos eróticos na internet e ainda assim levou o prêmio. FODA. Não acompanhei o programa, mas saber que a vencedora foi alguém fora do estereótipo moralista e sem graça reinante entre os finalistas, foi ao menos divertido.
Sempre achei a eliminação do BBB a coisa mais escrota. Se você falar mal de alguém, o público te dá pé na bunda; chorar demais, pé na bunda; ser encrenqueiro, pé na bunda; não plantar a semente do bem no árido coraçãozinho dos outros participantes, pé na bunda. Aí, o programa fica uma merda, cheio de gente chata e pouco interessante, e neguinho não sabe o porquê. Como se todas as pessoas que gastam seu dinheirinho votando fossem exemplos de ética e bons costumes.
Agora, pensando bem, será que era por isso que tinha tanta gente reclamando do BBB no Facebook? Por favor, queridos amiguinhos, não me digam que vocês torciam pelo médico-bonzinho-boa-pinta-baladeiro-total? Porra, vocês não ficam de saco cheio da mesma coisa sempre??? Sou mais a Maria, que venceu o preconceito da gostosura.
Isso mesmo, porque mulher só se fode. Se não for gostosa, é descriminada. Se for gostosa, é descriminada do mesmo jeito, coisa que não vejo acontecer com os machos da espécie. Tá bom, vocês vão me perguntar se eu não acho um mau exemplo para o público feminino ser ver representado na televisão dessa maneira. Sinceramente, nesse caso, eu não acho não.
Enfim, esse post está mais superficial do que de costume e sem conclusão alguma. Mas eu já escrevi para caralho, pelo menos de acordo com os padrões cibernéticos. Meu objetivo não é apresentar uma tese de doutorado em um blog. Eu só queria mesmo falar mal dessas pessoas que assistem reality show. Além do mais, sei que essas pessoas (você, por exemplo) têm preguiça de ler. Preferimos assistir Big Brother Brasil. E viva a democracia brasileira, com seus peitos, nádegas e salientes músculos reinantes.