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5 de mar. de 2011

Respiração


Tão cansada… fecho os olhos, estiro o corpo sobre a cama de lençóis claros, jogo fora minhas roupas e junto com elas todos os sentidos. Em nada estou pensando. Experimento apenas o leve toque das cobertas roçar a pele. Me despi a ponto de sentir que sou tão minha, mais tão minha, que poderia por alguns segundos sair de mim.

Estou em um torpor... tão grande... nem... nem percebo que existe muito ar. Mesmo sem querer eu preciso, estou sentindo necessidade de respirar cada vez com mais força. Sentirei uma dor? Será comedida? Como se a matéria explodisse e espalhasse cada pedaço meu pelos cantos desse quarto esquecido. Aqui, só a fraca luz do dia se mistura ao ar empoeirado, com cheiro de nada. Esses feixes que escapam pelas brechas da janela, desse cômodo só meu.

Agora... uma invasão de toda essa vida... não tinha me dado conta antes, mas estou sufocando. O fôlego... falta. Estou sendo consumida por uma súbita e desconhecida agonia, meus movimentos estão cada vez mais acelerados, meu corpo se inquieta... um prazer que dói... não sei se imploro por menos ou por mais. Eu não vou abrir meus olhos.

Apenas uma mão ampara a nudez, contornando, apertando, cada curva da minha carne. E apenas minha mão pode sentir cada detalhe dessa calma que vem me invadindo aos poucos, de repente, sem pressa de chegar. Estou aprendendo bem devagar a controlar todo o ar... calma... estou respirando... o medo é o único que me abraça nesse leito vazio.

Relaxe... estou imaginando o mar tranquilo, refletindo um fim de tarde amarelo, a maré vai e vem… apenas o barulho das águas, o cheiro do sal. Serena… serena me sinto. Como é tola e vã minha tentativa de dominar o que deveria ser uma simples respiração.

Mas mesmo o ar comedido, sinto o oscilar cada vez mais forte de meus seios, subindo e descendo mais rápido. Por mais que eu tente me conter, alguma coisa continua pulsando desordenadamente… não me deixa dormir em paz.

E continuo nua, deitada no largo leito do quarto vazio, despida dos meus sentidos, despida de mim. Continuam fechados, os olhos. Sinto apenas o pálido toque dos lençóis e os fracos feixes da luz do dia que invadem a cômoda, invadem meu corpo nu, pelas brechas da janela...

Estou me debatendo, apertando com força os finos pedaços de pano em volta de mim. Mais uma vez, não consigo respirar.

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