Sugira, critique, participe, contribua, toque uma, apareça!

mulheresqbebem@gmail.com

9 de mar. de 2011

Mijada neles


Aaaaaaaah... como foi bom curtir a folia carnavalesca carioca. Mal terminamos a quarta de cinzas e já sinto fluir em mim todo esse espírito saudosista, resultado de minha natureza romântica e nostálgica. E querem saber, queridos leitores, o que de fato chamou minha virginal atenção durante o evento mais esperado do ano, do qual homéricas proporções são amplamente divulgadas até mesmo no exterior? A determinação de alguns adoráveis senhores, que com seus engomados ternos e bundinhas que expelem leitinho de pêra, proibiram a tradicional mijada de rua, sob pena de algema nos pulsos.

Aplausos para eles. Que bom cristão, oh pai, quer caminhar em logradouros fétidos e ensebados de excrementos alheio? Pois eu direi bem o que ocorreria se, após o alívio de suas necessidades fisiológicas em plena avenida, um representante da lei se dirigisse ao suíno cidadão, alegando poder para transferi-lo do doce embalo de confetes, espumas e paetês, para o tão temido cárcere. Eu, que provavelmente estaria levemente alcoolizada, diria ao repreendido cidadão: “Pois quero mais é que esse governo filho da puta vá se foder. Se eu fosse você, ameaçava processar esse Estado de merda, que quer te prender por se aliviar na rua, mas não oferece estrutura alguma para que você faça suas necessidades no lugar devido”.

É essa porra mesmo. Eu ia juntar geralzão que estivesse entrando em cana e organizaria uma puta de uma rebelião. Sairia quebrando tudo, na linha bolchevique total. Tenho certeza de que todos os presentes, mixões ou não, em mínimas condições de entendimento (porque com os cornos cheios de cachaça, ninguém sabe o que pode ser interpretado por aí), iriam aderir ao movimento.

Essa medida do governo nada mais é do que a prova de que brasileiro – nesse caso carioca – é tudo um bando de otário passivo, que aceita qualquer merda imposta, sem sequer questionar. Afinal, vamos ser lógicos. Quando eu decido ir ao banheiro, é porque eu já estou com vontade. Se eu estiver bebendo algum líquido que agregue em sua composição substâncias de teor etílico – coisa que boa, mas muito boa parte mesmo dos animados foliões fazem -, minha vontade vai ser acentuada. Nessa situação, por favor, me respondam: com que condições uma pessoa portadora de bexiga mediana vai suportar encarar uma fila quilométrica, para ir até um daqueles banheiros químicos fedidos, nojentos, cheios até a borda? Isso para não falar que, em um dos blocos que fui em Botafogo, SEQUER HAVIA BANHEIRO QUÍMICO.

Imprensa de merda
Para ficar ainda mais divertido, vejo no noticiário da tarde os jornalistas da Globo exibirem belíssimas matérias, em que recriminam com furor os engraçados que lançavam seu pipizinho fora do local imposto, fazendo uma campanha sensacional favorável à política “prende a porra do xixi e espera sua vez de ir ao banheiro, ser neandertal”. Pois eu só digo uma coisa para esses militantes da civilidade. Vão curtir o carnaval de rua, bando de jornalista burguezinho filho da puta, e depois apresentem para o bosta do editor o ponto de vista DA MAIORIA, em vez de se preocupar apenas com o que você e o prefeito concordam.

Nessas horas eu acho que o jornalismo deveria abandonar a observação participante tradicional e interagir de fato com a comunidade, com a cultura, com o raio que o parta a ser estudado. Falar sobre os outros é mole, né? Quero ver se colocar no lugar desse outro e escrever depois. E um viva para George Orwell, pioneiro do jornalismo literário, com seu quiçá clássico Na Pior em Paris e Londres.

Para finalizar, fica apenas um recado: Eduardo Paes, para de rebolar a porra desse seu rabo na Sapucaí e vai tomar no olho do cu.

Acho que por hoje é só. Já fiz as coisas que mais gosto. Com toda minha finesse erudita e esse meu dulcíssimo jeito de ser, digno da dama que sou, falei mal das pessoas que estudaram o mesmo que eu na faculdade, mas que sei lá por qual motivo, em sua maioria fazem coisas que meu id, meu ego e meu super-ego (segundo as máximas psicanalíticas de Freud) repudiam absurdamente (mas afinal, por que eu fui fazer jornalismo???); já critiquei nossa administração regional e, o melhor de todos... já xinguei um monte de gente.

Para que esse post não soe um tanto quanto negativo, me despeço desejando a todos um ótimo retorno às atividades laborais. E viva o esplêndido carnaval nos blocos do Rio de Janeiro.

Um comentário:

  1. Quando a legislação quer descer às minúcias da vida privada, se torna ridícula.
    Percebo nesta medida coercitiva um aspecto mais profundo. O Rio, na figura de seus governantes, parece querer executar uma assepsia social, nos mínimos detalhes.
    Assim, se delimita os direitos básicos do cidadão apelando-se para estas regras que, lá na frente, darão origem aos regimes de exceção.
    Pois a criminazilação de uma mijada aqui, de um mendigo alí, pode virar uma bola de neve e provocar o desaparecimento das mazelas humanas e sociais da cidade. Tudo pensando na "bendita' Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016...

    ResponderExcluir

Áhh, que fofo você comentar!!!