Fazia calor em algum lugar do subúrbio. O suor escorria frio, da espinha até o cóccix. Como não havia ar-condicionado, trataram de ligar o velho e empoeirado ventilador, aquele com hastes azuis e grade de ferro prateado. O pequeno motor fazia barulho enquanto funcionava e o calor fustigante só parecia aumentar.
No freezer, coberto de gelo, acharam uns sacolés de groselha, bem vermelhos, que a mãe tinha feito no dia anterior. Chuparam com gosto, até o final. E como só o ventilador não dava jeito, despiram-se, ficando apenas de sutiã e calcinha.
Eram amigas desde sempre. Diziam que eram almas gêmeas. No colégio, na rua, no mercado. Todos as confundiam, mesmo que fisicamente não fossem assim tão parecidas. Mas eram iguais na alma. E suas ideias e reflexões no quintal duravam horas, com muitas gargalhadas e abraços apertados, com xingamentos no lugar de elogios: sua vaca! te amo! Ao que a outra respondia: também te amo, sua piranha.
Eram acostumadas a se tratar assim. Não viam vulgaridade, era o código que criaram entre si. Assim como as conversas, palavras, poemas e sonhos, que não cabiam em mais lugar nenhum.
Falavam de um assunto qualquer. Na verdade, no fundo, nunca importou o tema da conversa. Queriam estar juntas. Isso bastava. As risadas eram sempre seguidas de abraços, que acabavam em apertões, olhares e mais abraços. E a língua, assim como quem não quer nada, encontrava a orelha, para contar algum segredo, ainda que a ausência de outras pessoas dispensasse tanta proximidade.
Dali, escorregava para o rosto, descia para o pescoço e finalmente os seios, delicadamente. E se riam novamente. Conheciam cada ponto, cada canto. As mãos, já afoitas de tanto esperar, apressavam-se por transpassar todo o corpo da outra. Carinhos, toques e beliscões. E mais gargalhadas. As mais gostosas de ouvir.
E juntas, faziam o que mais gostavam. Amavam-se por completo, incestuosamente, intensamente. Despiram-se. Gozaram, sempre juntas. E riram e falaram e se abraçaram.
Colocaram a roupa, tomaram coca-cola e assistiram ao Programa do Gugu.
Era um sabadao sertanejo?
ResponderExcluirahaha, provavelmente com o marcelo augusto cantando no palco e bichos de pelúcia aos fundo
ResponderExcluirbom texto dessa fada!
esSA FADA!!! cada coisa, né?
ResponderExcluirnão era sertanejo, Nessa... era um quadro de bichos!
mulé com mulé dá jacaré!
ResponderExcluirjamais dará!! ou se der, é um jacaré muito legal, com carne macia e saborosa!
ResponderExcluirvai aí um homem no meio?
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