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16 de mar. de 2011

O que se perdeu


Acho que alguma coisa se perdeu em mim.

Lembro quando eu era menina.

Quando eu era menina, escrevia poemas românticos, colecionava com carinho e cuidado papéis de carta. Sonhava com o príncipe encantado que me levaria ao altar. Era tranquila e ponderada. Tinha um jeito doce e inocente. Sempre sonhadora. Pensava na carreira profissional perfeita. Frequentava igreja todas as semanas e pregava com fervor a moral e os bons costumes. Queria um futuro estável, uma existência sem grandes surpresas.

Poucos anos se passaram, me tornei mulher.

Agora que sou mulher, escrevo textos agressivos, muitos com tom vulgar. Minha desorganização e meu desleixo não permitem comprometimento com determinados passatempos. Não concebo a ideia de homem perfeito – se existisse, seria um baita de um chato. Sequer concebo a ideia de um relacionamento dito tradicional. Isso porque sou inconstante e emocionalmente desequilibrada. Além disso, sou exagerada e falo um monte de palavrão. Despenquei da nuvem dos sonhos para a terra do “preciso desesperadamente fazer qualquer coisa que me arranque dessa realidade”. Tenho uma carreira medíocre e, apesar de reconhecer talento (sim, sem falsa modéstia), não faço absolutamente nada para sair dessa inércia. Sou ateia e mando o moralismo para a puta que o pariu. Não tem nada que eu deseje mais nesse mundo do que uma vida nômade, sair por aí e foda-se.

Ainda assim, nunca sequer viajei sozinha. Nunca procurei por um trabalho que realmente gostasse. E, de vez em quando, sinto falta de alguém que durma abraçado comigo e me acorde com um bom dia, um sorriso e um beijo.
Algo do meu passado que ficou impregnado?

Acho que alguma coisa se perdeu em mim.

2 comentários:

  1. Acho que nada se perde na gente. Nossas experiências se acumulam como gravações antigas em nosso HD interno.
    Elas coexistem com nosso cotidiano, iluminando nossa mente como que em flashes.
    A palavra chave nisto tudo é integração. Integrar nossas emoções mais cor de rosa bem como as escuras.
    Pois como bem disse o músico, maluco e filósofo Jorge Mautnern parafraseando Nietzche: "só quem tem o caos/dentro de si/poderá dar a luz/a linda estrela/bailarina".

    Beijão.

    Ricardo Mainieri

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  2. Por um acaso seu nome é Cinthia Batista da Silva?

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Áhh, que fofo você comentar!!!