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28 de mar. de 2011

Pedras

Nem sempre ela chuta as pedras que insistem em cruzar seu caminho, mesmo as que vão bem ao encontro de seus pés. Não que tenha medo de se machucar com a topada. Simplesmente tem preguiça de fazer um movimento com as pernas.

É mais fácil dar um pulo e fingir que a pedra nunca esteve ali. Mesmo que, algumas vezes, a lembrança do que não foi jogado para bem longe incomode. Ou será que ela gosta de manter tudo assim, sempre no mesmo lugar?

O que não admite fazer é parar de andar. Mesmo que o andar seja um quase rastejar do corpo. Fica mais fácil fingir que não se importa em ter deixado, em deixar tantas pedras, pedras pequenas, pedras leves, ali, estiradas no chão.

Mesmo que ela não conceba a ideia do mais fácil... entre o pensar e o fazer há um curso muito longo a ser trilhado.

Mas porque se preocupar com pedras? Se ela quiser, as pedras podem ser apenas simples pedras, que em nada afetam seu caminho. Mesmo que machuquem seus pés, no dia de chuva em que ela resolver sair correndo por aí, descalça e nua.

Ela não se importa com os ferimentos nos pés. Ela apenas não quer ter o trabalho de chutar as pedras. Pedras são sempre pedras.

Se ela der um grito bem alto, vai se sentir mais livre do que se tivesse chutado as pedras de seu caminho? E se as pedras forem tantas, que as impeçam de correr? Ela está inerte demais para sair correndo por aí. Gritar é mais fácil. Quem sabe alguém ouça.

E se as pedras se agruparem, se encaixarem, se as pedras se transformarem em um muro? Ela não corre, ela não sente o doer dos pingos grossos da chuva que lavam o corpo, ela não sente sangrar a carne dos pés machucados, sufoca o grito. As pedras protegem? Pedras são apenas pedras?

A única coisa que ela queria hoje é ter uma noite de sono tranquilo.

A única coisa que ela queria hoje é poder dormir em paz.

E mandar todas as pedras para o quinto dos infernos, enquanto se perde em sonhos.

2 comentários:

  1. xistem, de fato, muitas pedras no caminho de nossa vida.
    Algumas atendem pelo nome de família, emprego, políticos, estrutura social.
    Outras estão dentro de nós como nossas lembranças e nossos impulsos mais secretos.
    Quase todos os analistas dissem que o melhor é tirar as pedras do caminho, evitando fazer de conta que não estão ali. Falar é fácil, mas perseverar no cotidiano enfrentamento das pedras é o desafio...


    Bjo.

    Ricardo Mainieri

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Áhh, que fofo você comentar!!!