A religiosidade é uma coisa curiosa. Cura doenças do corpo e da alma, recupera riquezas e, em casos extremos, dribla a própria morte. Vide o que fez Jesus, aquele compadre faceiro. Mas 2 mil anos e uns quebrados depois, é cruzar uma esquina para ver com os próprios olhos - ou ouvir, em alto em bom som, graças à popularização de microfones e amplificadores - as consequências de um bocado generoso de fé.
Outro dia, em um laboratório de análises clínicas, se deu uma manifestação grandiosa do poder da mão de Deus. A fila para o atendimento era grande, e ir ao banheiro era uma questão de tempo. Afinal, o leite com toddy de todo dia não aguenta tanto tempo sem dizer a que veio. De dentro do reservado, era possível ouvir a conversa de duas moças de voz abafada.
- Estou ansiosa para o resultado do exame...
- Calma, vai dar tudo certo. Se você não se convencer, você repete.
- É... né? - refletia em voz alta, buscando aprovação. - Fico com medo... Aids é um problema muito sério... mas além de toda a polêmica da doença e todos os riscos de saúde, fico mesmo preocupada com a minha vida. No sentido metafísico mesmo.
- Sem drama, né. Que sentido metafísico o que... Fica dando adoidada... É nisso que dá.
Nessa hora, eu saía do meu cubículo. As duas freiras me olharam assustadas. De olhos arregalados, murmurei um Amém. Que Deus abençoe minhas mãos não lavadas.
Muito booooooooooooom! ehehehehehe
ResponderExcluirmuito bacana seu blog, descobri esses dias... sei que não temos intimidade alguma mais sempre admirei aquela menina de longos cabelos pretos, a vida passa e as pessoas tbm mais as características ficam, sempre que puder virei aki espiar.. bjs gabi
ResponderExcluirVolte sempre, Gabi!
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