10 de abr. de 2011
Boneca
Sou apenas uma boneca, dentro de uma caixa lacrada. Saio da embalagem apenas para enfeitar a cama, deixar o quarto mais bonito. Tudo em mim é de plástico. Todas as meninas querem brincar comigo. Se minha tinta desbotasse, meu olho caísse, minha perna sumisse... será que as crianças ainda gostariam de mim? Sou apenas uma boneca de plástico presa em um caixa, que tem como única função enfeitar o quarto. Meus sentimentos também deveriam ser de plástico? Não importa, sou apenas a merda de uma boneca. Podem olhar e brincar à vontade.
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Por vezes, Piña, ficamos meio estarrecidos com esta corrente forte, este tsunami que corre por dentro de nós.
ResponderExcluirSei lá se não desejamos, mesmo, estar imunes, blindados contra estas radiações de sentimentos que nos dão a dimensão do humano.
Também, consigo captar, neste teu breve texto, uma crítica ao status da mulher-objeto, da mulher que é um "boy toy", da mulher que tem de representar a bonequinha linda, mesmo estando despedaçada por dentro.
Tanta coisa que sai da literatura e vai para a psicologia profunda...
Beijão.
Ricardo Mainieri