Sou uma prostituta de espírito empreendedor. O mercado é competitivo. Muita mão-de-obra barata. Mas a demanda é excessiva e eu sei exatamente qual é o meu público alvo. Tenho em meu currículo alguns extras que me tornam referência nesse nicho. E foda-se se levei um pé na bunda do garotinho por quem fui apaixonada na escola. Foda-se se levei porrada dos meus dois ex-namorados. Foda-se se sofri abuso sexual na infância. Não vou ficar aqui buscando um discurso que justifique minha produtiva profissão, em que mercantilizo meu corpo segundo os padrões capitalistas e as máximas do marketing. Prefiro fumar minha maconha, enquanto leio Lévi-Strauss. Sou uma puta intelectual, com inclinações ao estudo antropológico. Ajuda muito no meu trabalho.
Gosto de fazer sexo. Da minha buceta molhada nem sei quantos já sentiram o gosto. Sempre dizem que sou muito gostosa, tem algo de adocicado no meu gozo. Fico excitada com muita facilidade. Apesar de ser totalmente profissional, trabalhar para mim sempre foi um prazer. Só lamento ter que usar camisinha. Gosto de sentir o esperma invadir meu útero, enquanto o cliente berra de prazer na sua ejaculação. É gostoso. Minhas tendências utópicas se resumem em sonhar com um mundo onde as doenças sexualmente transmissíveis não mais existam. Gosto da sensação do penetrar na pele, esfregando dentro de mim. Sinto cada veia dilatar, cada momento com precisão.
Sonho em me casar um dia, assim, de véu e grinalda, a porra toda, em uma dessas igrejas católicas bem caretas e convencionais. A cultura me afeta, o que posso fazer? Pedidos eu já tive aos montes. Mas nunca encontrei alguém que aceitasse minha única condição: “Benzinho, não vou deixar de ser puta só porque estou casada. Prezo pela independência financeira da mulher, e dar é o que sei fazer de melhor, você sabe”.
Simone Beauvoir disse que não se nasce mulher. Torna-se. Pois eu já sou puta desde que me entendo por gente. Gostava de me sarrar na quina do sofá, enquanto assistia filmes de sacanagem escondida da vovó. Adorava tocar um punhetinha para meu priminho mais velho, no fulgor da inocência infantil. “Luz da minha vida, é que eu preciso entender esse papo de Freud, essa tal de inveja do pênis. Deixa eu pegar nele só mais um pouquinho, vai? É tão bom... se eu não tenho um só para mim, por favor, deixa eu brincar com o seu?”. Fui eu que fiz com que ele gozasse pela primeira vez. No início, o líquido vinha bem ralinho. Mas quando começou a ficar pastoso, com um cheiro forte, do jeito que eu gosto, passei a engolir tudinho, de uma vez só. Ai... saudades da minha doce infância.
Depois que meu priminho se mudou, comecei a expandir meus horizontes com Mariazinha, uma jovenzinha que conheci na missa. Uma santa, aquela menina. Queria ser freira. Tocava em mim uma siririca como ninguém. A sacanagem que rolava entre a gente – que às vezes contava com a ilustre participação do coroinha da igreja – fez com que a pobrezinha entrasse em crise existencial. Apresentei a ela Nietzsche. “Flor do campo, você é uma super-mulher. Esqueça essa baboseira toda, deus está morto”. Depois disso, ela incorporou o existencialismo sartreano e mandou às favas a moral religiosa. “Mas meu docinho de coco”, dizia eu, “Sartre não era contra a moral e os bons costumes”. Ela dava aquele sorrisinho de safada e respondia “Mas minha bucetinha de ouro, desde quanto gozar é amoral?”. Ela aprendeu rápido.
Depois da foda, costumávamos ficar horas e horas na cama, fumando nosso cigarro, discutindo aquela baboseira toda de Rousseau, que insistia em dizer que o homem é naturalmente bom, é a organização social que o corrompe. Eram debates apaixonados. Eu, contra. Ela, a favor. Essa filosofia foi a forma que a coitadinha encontrou para substituir a religião. Decidi deixar para lá e passei a concordar com tudo. De qualquer forma, ela jamais seria uma niilista convicta.
Seguimos rumos diferentes. Hoje, ela é uma renomada teóloga. Eu virei puta mesmo. E gosto muito. Garanto prazer a todos os meus clientes. Os que me proporcionam orgasmos múltiplos deixo sair sem pagar. Assim o sexo fica mais gostoso. Um querendo dar prazer ao outro, nada daquela coisa fria e mecânica, do tipo “mete essa pica dura aqui e vai embora”. Atendo homens, mulheres, promovo festinhas, faço sexo grupal. Se você ficar interessado, pode me procurar. Só que cobro caro. Apesar de ser bom, isso aqui é um negócio. Ramo do entretenimento. Como disse, tenho espírito empreendedor. Preciso sustentar minha cobertura no Catete, atual residência e também ponto de trabalho. Sou uma puta que ganha dinheiro.
Admiro isso!
ResponderExcluirAdorei o texto! Vc é ótima, muito original!
ResponderExcluirUma putana universitária, legal isso.
ResponderExcluirQue preza o prazer masculino e até dá sem cobrar(se o fulano for o bom)
O único perigo para ela é se apaixonar...
Beijão.
Ricardo Mainieri
É Ricardo... riscos da profissão!!! rs ;)
ResponderExcluirBem, pelo modo como ela descreve o trabalho dela, não creio que ela possa se apaixonar com tanta facilidade assim... Talvez pareça um pouco de preconceito meu, mas ela parece separar bem o trabalho de diversão. De qualquer forma sempre disse que existem mulheres que nasceram com dom e estômago pra isso. Admiro ate.
ResponderExcluirKkkkk, interessantíssimo!
ResponderExcluirO mundo precisa de mais putas como você!
ResponderExcluirMuito mais interessante e inteligente que muita mãe de família.
ResponderExcluirOi gata eu com certeza me casaria com vc. Eu acho que amor eh amor, sexo eh sexo...e daí se a minha mulher eh puta? Pelo menos eu teria o melhor do sexo em casa. Bjs
ResponderExcluirmeu cérebro entrou em transe quando vc disse: adoro "sentir o esperma invadir meu utero" porra não faça isso é minha fraqueza. adoro ver minha mulher gravida e transar com ela gravida.
ResponderExcluirA luz que ti segue... Vai retirar suas fotografias da sua mente ..... Elizeu Almeida
ResponderExcluirNunca senti nojo de engolir, mas raramente eu até mesmo deixava meus namoradinhos gozarem na minha boca ( Minha primeira vez foi aos 14 anos ), pois eles demonstravam nojo de me beijar depois. Qdo conheci meu marido e ele quis gozar na minha boca, ele disse que me beijaria depois, pois não tinha nojo de mesmo. Hoje em dia ( ele gozar na minha boca e nos beijarmos ) é o fetiche que mais me deixa excitada como mulher. Muitas vezes, eu não engulo tudo e passo para a boca dele. Homens que não sentem nojo, são a minha fantasia sexual. Já confessei isso para meu marido.
ResponderExcluirAdorei seu relato linda e pretendo me inspirar em você, sabe nunca neguei que adoro ser puta na cama, é isso que deixa os homens doidos e é assim que deixamos eles aos nossos pés. Afinal, estamos no século XXI e somos nós, mulheres, quem mandamos não é mesmo? Portanto, meninas vamos a lutar e mostrar aos homens quem da as cartas. Bjos a todas putas assumidas ou não.
ResponderExcluirMoro em sorocaba, sou educado, cheiroso, culto, excelente nível, com corpo musculoso pele clara cabelos pretos lisos olhos castahos claros, rosto bonito, com local discreto e seguros em sorocaba mas posso viajar durante a semana. Meu e mail é meu e mail é claudiosorocaba@bol.com.br Adoro beijos demorados longas preliminares demoradas penetrações para vc sentir prazer e gozar comigo.Quero encontros regulares
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ResponderExcluirtem mulher bebe esperma de outros parceiros e aruma um trocha o trocha vai e pergunta guantos vc ja namorou ela fala vc é meu ex rsrs mais depois q passa anos vc descobre q faz coisas q nem puta faz da o rabo para os de fora na noitada e ainda faz pior q puta bebe esperma esperto homens essas são pior do q puta pq puta joga limpo e nem esperma toma imagina como vc beija uma mulher q faz isso e ainda brincou com sentimento de um ser humano ela merece e chifre q nojo eu como mulher nunca daria isso so por amor nunca nas noitadas nao pq mulher q chega metendo a boca no pau sujo de gualquer um nao passa de uma puta bara chamada puta de cerveja deve se achar enguanto kara sai falando para todos q ela é puta e bebe porra eka homens fique atento mulheres assim q são putas nunca merece seu respeito merece chifre para resto da vida elas acha o normal mais vc como homen beijaria uma mulher q bebe porra de outro assi Clarice
ResponderExcluirBelo texto.Fiquei apaixonado... :-)
ResponderExcluirPessoas de mente aberta é difícil de achar sempre tem algum problema seja religioso (na maioria das vezes), preconceituoso ou covarde que não assume ou admite para si mesmo do que realmente gosta , claro que não é todas as pessoas alguns não luta contra seus próprios desejos pois parece não ter hehehe.
ResponderExcluirEntendo que todos seriam mais felizes fazendo o que realmente gosta seja na cama ou na vida sexual pois um completa o outro sem empurrar para baixo do tapete tudo aquilo que chama de sujeira mais que tem medo de fazer ou faz as escondidas .
Gostaria de encontrar a mulher que realmente me completa na cama e na vida social porém é muito difícil pois ela teria que ser despida de preconceito ou programa religioso do pode não pode .
Teria que gosta do que gosto sem falsidade ou fingimento , amar não é gostar pois gostamos de um gatinho doméstico também.
Amar é se completar e se entregar aos próprios desejos com a pessoa certa sem exigências ou cobrança apenas dar e receber na mais pura volúpia do sexo sem depois se vulgarizar ou deixar de se comportar como uma pessoa comum no meio social .
Apenas se libertar e ser feliz .
Um abraço para todos.