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30 de mai. de 2010

Doa-se depois de usar

Foi numa noite de outono de lua linda e cheia que ela decidiu:
- Vou comprar um homem!
E comprou mesmo, e melhor, pela internet através do site “Mercado livre”.
No anúncio dizia claramente: “Homem colchão, depois de usar é só guardar”.
Ficou animada com a possibilidade e parcelou em 12 vezes.
A “encomenda” demorou 3 dias para chegar. Abriu a caixa e tirou de lá a promessa de salvação para a solidão e o tédio diário. Mas para ela, o mais emocionante da história era saber que a fisionomia do aparelho seria uma surpresa, “nenhum modelo se repete”, vinha impresso na embalagem brilhante. Rasgou a caixa com euforia pueril e deu de cara com a cara do cara que seria o seu redentor.
- Oi, sou seu novo homem. (Disse o rapaz saindo do colchão)
Ficou embasbacada olhando para aquela criatura, obviamente feliz por ser acionado através de um botão que ficava na altura do ânus.  
- Não faço nada do que você não programar. Por favor, antes de usar, não se esqueça de me esquematizar. (Disse ele com sorriso na voz)
E assim ela fez. Através do manual projetou os detalhes para fazer com que o homem preenchesse seu vazio existencial.
Na primeira noite foi bem estranho dividir a cama com aquela coisa meio máquina, meio ser humano. Normal, ela já sabia que não ia ser mole, se apegava muito aos pequenos detalhes, mas se rendeu e deitou de leve no peito andrógeno da criatura afabilíssima.
Ao longo dos dias as coisas foram se encaixando, às vezes a impressão era de que o homem já tinha seus próprios impulsos e atitudes. Claro que isso também fazia parte da tecnologia revolucionária do projeto, afinal, uma mulher não quer mandar o tempo todo. Precisa sentir que o companheiro tem suas próprias vontades, mas nem sempre as realiza, por pura consideração e respeito ao relacionamento.
Eles conversavam muito todas as noites, rindo até o diafragma doer, ouviam rock e outros sons bem transados, ele lia poemas entoados, e ela retribuía com cafunés calorosos. Os dois dormiam bem abraçados, trocando respirações. Pela manhã ela acordava com carinho nas costas que ele fazia a fim de não deixá-la perder a hora. Despedia-se do seu homem com um beijo leve na boca e guardava-o de volta dentro do colchão até a próxima interação noturna.
Isso se repetiu por várias vezes, virando um ritual sagrado de felicidade. Parecia que
tudo estava completo e selado, “foi um achado te achar no mercado livre”, ela se declarava pra ele, sem pudor de não ser correspondida pela máquina.
O tempo foi passando, e tudo que “é”, um dia se transforma, a gente passa a ver mais coisas com o tempo das coisas, se permite, se encontra, esbarra com muita gente.
A menina que hora precisou de um projeto de homem idealizado para seu espírito triste, não carregava mais os mesmos questionamentos de antes. Havia partido para um outra esfera compassiva. Decidiu doar pra quem estivesse precisando, já podia respirar sem o aparelho, por mais que soubesse que iria sentir muita saudade. E anunciou num classificado barato:  

Dou homem ideal
Vem numa caixa
de papel com metal

faz cafuné gostoso,
brinca, deita, rola
e tira bicho de pé

25 de mai. de 2010

Pela humanização do jornalismo

Eu tento, mas nunca consigo emplacar. :(

XXX

 São Francisco de Assis é conhecido pela proteção e amor incondicional aos animais. Mas no Zoológico do Rio de Janeiro, em São Cristóvão, nem a proteção do santo católico parece ter sido suficiente para dois pinguins fêmeas. Depois de habitarem há dois anos o agradável espaço das aves nadadeiras - único que contava, inclusive, com a bênção direta de uma estátua de quase dois metros do santo - as pequenas foram alvo do instinto de caça de cães de rua no último dia 13.
Malhada e Pretinha, xodós dos tratadores, não resistiram às brincadeiras de uma matilha de rua que, cavando buracos por baixo da murada, fez a maior festa no ZooRio. Depois de passar pelo setor dos primadas e levar alguns passa-foras de búfalos, girafas e avestruzes - animais que também receberam a visita dos danados, segundo a perícia amadora de tratadores, biólogos e zootecnistas -, o grupo de cachorros encontrou nas pequenas desengonçadas um prato cheio, mas que não foi comido.
“Eles fizeram isso por brincadeira, instinto de caça mesmo, tanto que não se alimentaram dos animais”, aponta o zootecnista Marcus Delgado, que ainda está de luto pela perda. “Elas chegaram aqui magrinhas, bastante debilitadas pela viagem, e hoje já se alimentavam sozinhas, sem sonda, e faziam festa para os tratadores. Estavam muito felizes na nova casa, e até um pouco acima do peso”, lembra Marcus.
Por dia, cada uma das pinguins consumia até dois quilos de sardinha ou manjubinha fresca, e podia escolher se exercitar na piscina ambientada com água salgada e densidade similar à marinha, com temperatura entre 20 e 25ºC. Hoje, as duas descansam com outras centenas de animais de pequeno porte em uma fossa séptica no próprio Zoológico - mas, garante o tratador Robson Nascimento, o Binho, vão viver sempre nas memórias dos funcionários da instituição. "Éramos amigos", lamenta o tratador.
Os cães responsáveis pelo fim trágico e inusitado de Malhada e Pretinha - membros de uma espécie que normalmente padece de problemas respiratórios em ambientes quentes, como o do Rio de Janeiro - foram pegos no dia seguinte. Os funcionários do Zoológico bolaram armadilha com carne fresca em uma jaula, que prendeu dois dos desgarrados, devidamente encaminhados à Suipa.
Para que as crianças mais curiosas não se entristeçam com o ciclo da vida, o espaço das pinguins será ocupado, em até 15 dias, por dois cisnes negros filhotes, nascidos na Cidade das Crianças, em Santa Cruz. Mas em junho, como acontece todos os anos, 200 novos pinguis são encontrados na costa do Estado do Rio, dentre os quais apenas alguns sobreviventes ficam em exposição, e o restante é devolvido a Patagônia, seu ambiente natural. Eles são trazidos pelo aquecimento global e pela poluição que atinge suas casas originais - o tipo de coisa em que nem São Francisco pode intervir.

24 de mai. de 2010

E se...

"...todos lessem um poema antes de sair de casa?" 

- Os sovacos suariam com menos acidez dentro dos ônibus...  
- O intelecto seria estimulado ao passo que o coração fosse amansado por versos e reversos... 
- A tristeza seria apenas mais um risco na paisagem inebriante...
- O conformismo seria levado pela empolgante sensação de ser preenchido pela arte...


Continue vc... 

22 de mai. de 2010

Ainda no clima futebolístico...

Começar o final de semana com música é uma boa pedida, ainda mais com teor futebolístico.

Então, segue uma “parodiasinha” em homenagem ao nosso querido técnico da Seleção:

“O Dunga afoga o Ganso, afoga o Ganso sem parar; o Dunga afoga o Ganso, afoga o Ganso na garrafa de Cintra”





19 de mai. de 2010

Vizinhança


Cresci em um pequeno bairro da Zona Oeste. Lá todas as pessoas da mesma rua se conheciam, os moradores das ruas paralelas também, assim como os das transversais. Interessante como, mesmo sem querer, eu conhecia quase todo o bairro. Sabia exatamente quem era morador, parente ou conhecido de alguém da região.
Os encontrinhos, festinhas e afins eram eventos comum a todos. Nem sempre precisava avisar todo mundo pra encher a casa. A música alta, a fumaça da churrasqueira ou o falatório eram convites eficientes.
O único problema desse contato todo era a constante invasão de privacidade. Fofoca mesmo. Se você andasse ‘fora da linha’, a rua toda saberia do fato no dia seguinte. Como eu nunca me importei para comentários alheios, línguas afiadas não me afetavam.
Depois que me mudei para Lapa, percebi que nesses prédios enormes, onde moram centenas ou milhares de pessoas, como o meu (18 andares, com 10 apartamentos por andar), o senso de comunidade quase que se perde.
As pessoas não se encaram. O elevador pode estar com mais três pessoas, mas todas fingem estar muito ocupadas com seus pensamentos pra iniciar um conversa amigável com seu vizinho de porta. Às vezes pode-se ouvir um fraco bom dia, boa tarde ou boa noite. No entanto, o cumprimento soa nos ouvidos com o tom de obrigação tão forte, que é preferível não ouvi-lo.
Dia desses ouvi um caso onde uma senhora, moradora desses prédios sem alma, morreu durante o banho. O fato foi que o corpo só foi achado uma semana depois do acontecido. A única pessoa que percebeu a ausência da senhora foi o porteiro. Os moradores do prédio e vizinhos só souberam do fato através do quadro de avisos que fica próximo ao elevador. Mesmo assim, muitos não sabiam quem tinha falecido.
É triste morar em um lugar onde as pessoas não se conhecem.
Mas os vizinhos do meu bloco até que são bem simpáticos. O vizinho do lado é um solteirão, meia idade, que tem um filho de mais ou menos sete anos. Sempre cordial. A vizinha de porta dele é a dona do bar debaixo da garagem do prédio, onde toca samba todas as sextas e sábados. A família é grande e agitada. E por fim, tem a minha vizinha de porta. Um amor de pessoa, diga-se.
Ela é a única pessoa que me faz remeter àquelas vizinhas de bairro, sabe? Sempre educada, boa de papo (um caso pode durar horas de narração) e cozinheira de mão cheia. Vira e mexe ela surpreende ofertando alguns quitutes como cuca de banana, calça virada, feijoada, bolo de fubá quentinho etc. Parece que ela fica à espreita esperando algum movimento no eu apartamento para papear, contar casos e oferecer algo gostoso.
No dia em que o marido da vizinha faleceu, fui eu quem a levou até o cemitério para o velório. Ela estava sozinha e não tinha nenhum parente na cidade. Depois desse dia triste, um elo foi criado.
Percebi que em meio ao caos e ao descaso, ainda pode existir gentileza.

18 de mai. de 2010

Charlie malvadão


 É bonito ver como as crianças não têm medo e querem sempre testar seus limites.

Fé nas crianças!

Curriculum Vitae

Preciso de um emprego.

Faço por onde.

Grata.

17 de mai. de 2010

Isto não é uma libélula

 

É um broche lindo que eu quero! 

Querido Eike Batista

Sou uma jovem jornalista, desiludida com as pedras no sapato e no caminho. Trabalho 14 horas por dia e, como parte da rotina, ouço gritos, xingamentos e itens de um vocabulário que me arrepia os pelinhos mais próximos ao centro do meu universo.

Ganho um salário triste, sem sal, que me faz querer chorar quando tem sua metade descontada do empréstimo consignado que fiz para tentar desafogar os débitos de minha outra conta corrente, tão suja pros poucos anos de vida.

Acabei de me casar - e isso sim é motivo de felicidade - mas as despesas me destroem a alma. No mesmo dia em que recebo o contracheque, meu saldo já está negativo de novo. E isso porque faltam ainda mais 30 dias de humilhação laboral e dívidas.

Sei que o senhor é rico, e tem bom coração. Posso trabalhar para o senhor, ou mesmo ser alvo de uma doação caridosa. Nada que afete sua conta bancária ou luxos como um jatinho particular ou férias ocasionais em Cancun.

Me despeço agora, cheia de amor no coração.

Sua, e sempre sua,

Bendita Margarita

16 de mai. de 2010

Eu, o Ney e a catarse

Catarse, segundo Aristóteles, refere-se à purificação das almas por meio de uma
descarga emocional provocada por um drama. Há teorias e estudos diversos sobre o assunto.

Intelectuais vários discursando sobre seus conceitos e efeitos, quase sempre em um plano intelectual/espiritual inalcançável aos mortais, como eu.

Em mim, a catarse aconteceu no ônibus a caminho do trabalho mal remunerado. Uma canção tocada em uma rádio comercial provocou em mim a tal "descarga emocional provocada por um drama".
E, pasma, sobrevivi a isso.

"De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também é bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás"
(Poema - Cazuza)

* A catarse foi provocada pela versão do Ney (sempre incrível) Matogrosso.

15 de mai. de 2010

Descarte(s) o idealismo


Querido blog, não sei o que houve, mas estou conseguindo materializar meus sentimentos. Ontem pela manhã eu acordei muito mal humorada, canalizei o sentimento corriqueiro, forcei que ele tomasse cores e formas. Durante o processo diante do espelho do banheiro, fiz muita força mental e prendi-o na boca, depois cuspi dentro de um vidro de maionese e fechei com a tampa laranja.  Guardei o mau humor na minha gaveta, e fui trabalhar com uma leve sensação de vazio matinal.
Claro que no início fiquei assustada, mas depois, olhando a paisagem da Lapa pela janela do ônibus que seguia rumo ao escritório, percebi que isso iria me ajudar, sendo assim, eu poderia controlar minhas emoções sempre que precisasse. Pestanejei e ao olhar para o lado me deparei com o segundo sentimento do dia, uma leve tristeza movida por pena e compaixão, ao ver uma criança brincando no esgoto e comendo lixo. Peguei a angústia que apertou meu peito e joguei dentro da bolsinha de moedas.
E o dia seguiu assim, fui pegando sentimentos e guardando, mas o mais instigante e rebelde de todos foi a “felicidade”. Quando eu estava com o Fred ontem, numa de nossas turnês pelo íntimo intelectual, percebi que ela estava em mim, na hora tentei pegar pra guardar, deixar na minha bolsa e pulverizá-la no ar quando me sentisse infeliz, ou quando precisasse.
 Puxei daqui, puxei de lá, tentei prender com as pernas, unhas, dedos, braços e mãos, mas nada adiantava a porra da felicidade não se materializava nem fudendo. Sentei na cama um pouco frustrada e quando voltei a mim, olhei nos olhos dele e vi um vulto rasgado de cor inédita que me parecia bastante peculiar. Sutilmente ela havia se materializado em forma de homem, saindo de mim, entrando nele, enlaçando o momento e deixando na memória da pele lembranças incríveis. Depois disso eu relaxei e gozei.

Se o assunto que está no comando é o futebol, nós mulheres estamos na frente, sem esquecer, claro, da garrafinha de aguardente!


Futebol, Copa do Mundo, torcida, milhões de jogadores, de treinadores, bandeiras e assim vai...

Ontem, lendo o jornal, vi esta espetacular campanha publicitária publicada por um grupo de amigos de Campo Grande – MS:



Espero que, depois dessa, a nossa seleção de Dunga nos impressione como fizeram na copa de 2002, quando Felipão não convocou o Romário e, mesmo assim, trouxe o título de Pentacampeão.

13 de mai. de 2010

Notícia do dia

"Em noite fria, jovens tiram as calças no Metrô de SP"

Nem com essa "pouca vergonha", o Ministério dos Transportes dá um jeito na safadeza que se encontra os nossos meios de locomoção!

Somos mulheres, bebemos e entendemos muito de futebol...



Um dia após a convocação tão esperada de Dunga, chego ao trabalho e ouço uma voz balbuciar: nossa, essa gerência está vazia, não tem ninguém aqui para comentar sobre a convocação de ontem.
Eu pensei: Gente, será que depois de 25 anos bem vividos, eu ainda sou ninguém, ou alguém sem definição? Ah, por favor...
Assim que ouvi meu companheiro pronunciar essa equivocada frase, levantei rapidamente de meus aposentos, fui até ele e disse: impressionante mesmo a escala do Dunga, né? É revoltante... Ele vai se arrepender no final, deixar de levar o Neymar para, somente, apostar no Nilmar? E o Ganso que vem desenvolvendo um trabalho fenomenal no Santos? Não acredito que ele não os levará para seleção, não acredito mesmo...

Na hora, o colega olhou-me com um ar de “você, mulher, entendendo de futebol?”. E eu não parei por aí não; continuei, porque eu sou dessas mulheres, sim, que gostam de uma biritinha, de um petisquinho, jogar conversa fora, dar uma de comentarista esportivo, palitar os dentes, fitar os homens, as mulheres (para reparar) e assim por diante...
Sei que essa rotulação, de só os homens entenderem de futebol, está impregnada na mente da sociedade e que vai ser bem difícil tirá-la rapidamente da cabeça das pessoas. Mas, a partir de hoje, desse gesto, uma coisa tenho certeza: meu amigo e os outros companheiros de minha gerência não mais me excluirão de suas “conversinhas masculinas”, melhor, de seus "papinhos", até então, de "menino”

Extra, Extra!!!



David Brazil acabou de revelar, com exclusividade, que perdeu a virgindade em troca de um chiclete ploc.

- A-a-a-aaaaadoraaaava chic-chic-chicleeeeeeeeete Ploc, ma-ma-maaaaaaas nãããããão ti-tiiiiinha dinheeeeeeeeeeeiro.

Gafe pouca é bobagem




Adoro gordinhas. Na infância, meu apelido era "Palmitinho", por ser branquela e roliça. Por isso, leia-se, nada contra as carnes que me fazem feliz em noites calientes.

Estava linda, bela, exuberante e cansada na aula de gastronomia que tenho me esforçado para frequentar nas noites de segunda e quarta, após longas horas de tortura física e mental no emprego que eu pensava, quando estava na faculdade e era quase virgem, que era a minha cara.

O professor, um Chef com pinta de mauricinho surfista, falava sobre mise-en-place e dava exemplos de desastres que poderiam acontecer sem organização. Quando contava uma anedota sobre o foie gras queimado, fruto de uma omissão lá do passado, achou por bem ressaltar que era vegano. Para os leigos como eu, não come nadica de nada oriundo de proteína animal.

Eu, que sempre fico quieta na aula - mais por cansaço que por vergonha, mas isso não vem ao caso -, resolvi brincar com a minha colega de classe. Virei o rosto e cochichei, como quem tramou uma peça daquelas: e mesmo vegetariano é gordinho, hihihi.

Uma coisa não tinha nada a ver com a outra - carboidratos podem te dar a forma do Geléia, dos Caça-Fantasma, se você exagerar - mas eu achei engraçado. Não sei por que, não sei mesmo... mas achei engraçado.

Acontece que minha colega é uma senhora balzaquiana que honra os lipídios que tem: a cintura, comparada ao aro 21 da minha bicicleta, me fez lembrar que o comentário tinha sido mal-direcionado. Ela ficou vermelha, tentou puxar a blusa para disfarçar as dobrinhas mais assanhadas, e encolheu o ventre.

***

Prova de que Deus castiga, saindo do mesmo curso, um taxi que eu não sei da onde veio achou que meu Celtinha era um bom lugar para se aconchegar: furou o sinal e por pouco - pausa para agradecimento ao resto de reflexo que me toca - não me atinge em cheio. Dei uma estragada no carro. E, nervosa, devorei uma caixa de bombons.

9 de mai. de 2010

decifra-me ou te reinvento!

você aceitaria trocar de ser você
com outra pessoa, que só seria revelada
depois que vc aceitasse?
e se essa pessoa fosse pior que você?
e se vc sonhasse em ser essa outra pessoa?
mas para viver, você teria que aceitar sem saber
você trocaria de ser outra pessoa?

7 de mai. de 2010

O "moço do Suco"



 - Dona Marisaaaaaaaaaa!!!!! Dona Marisaaaaaaaaaa!!!!!

Ouvi o grito grave que vinha do portão da frente. Tinha acabado de acordar, escovava os dentes no tanque que fica nos fundos da área de serviço.
Lavei a boca, bati escova no tanque.
Eu de pijama e cabelo espalhafatoso, fui até o portão. Antes, berrei um típico:
– Já vaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai!!!!
Abri o portão e dei de cara com um rapazinho magrelo. Aparentava uns 24 anos, suado e mal vestido. Segurava na mão uma prancheta velha, onde parecia conferir o endereço da casa. O cara me olhou ansioso e deu um sorriso amarelo.
- Pois não? Disse, protegendo meus olhos do sol ofuscante de Bangu.
- Oi menina, sou o “moço do suco”, a dona Marisa “taí”?
- Não, ela saiu, mas, você disse que é quem mesmo?
- O “moço do suco”, Suco Bom Paladar.
- Sim, mas o que seria isso?
O rapaz indignado com minha pergunta respondeu:
- O Suco pô, você não bebeu? Sua mãe comprou.
Apertei os olhos com intuito de recordar depressa, suco? suco? suco?
- Áhh sim, Suco de caju e  de uva!
- Isso mesmo, sua mãe comprou semana passada.
De fato, minha mãe apareceu com duas garrafas de suco, que diluem em água, esses que são tipo xarope, “Maguari”. Claro, eu bebi, achei q ela tivesse comprado no mercado e tal. Mas acabei descobrindo a origem dos sucos, o "moço do suco" havia vendido as garrafas.
- Sim, sei, mas o que é que tem? Ela não tá em casa, posso ajudar?
- É que fiquei de passar por aqui hoje, pra pegar o dinheiro dos sucos.
Na mesma hora perguntei a Deus onde minha mãe ia parar.
Há tempos ela tem mania de comprar coisas na porta a prestação, diz que é muito mais cômodo. Ela compra edredom, lençóis, cadeira, panelas, gato e sapato. Mas, cá entre nós, comprar suco na porta pra pagar depois é realmente um caso preocupante.
- Então, ela deixou o dinheiro? Resmungou o moçoilo.
- Ah sim, digo, não, quanto é?
- É dez "real".
Pensei, mas não tinha dez reais em casa, aliás ultimamente não tenho tido nada.
- Não, ela não deixou, sinto muito, volte depois, por favor.
- Tá, fala pra ela que o moço do suco teve aqui. E que vou trazer o de acerola que ela pediu.
- Ah sim, ela pediu, tudo bem eu aviso, obrigada.
O “moço do suco” foi embora cabisbaixo, com intuito de voltar e trazer outra garrafa com suco de acerola. Aliás, geralmente todos os cobradores saem daqui com quase nada nas mãos.
Entrei, sentei na escada da sala e fiquei pensando se existe algum tipo de terapia para essa compulsão de comprar na porta de casa. Sempre me preocupei com essa mania dela, essa coisa de comprar, comprar, e é só na porta. Mas de tudo que ela já comprou na porta, essa história do suco realmente me chocou.
Já passavam das nove da manhã e ao sentar-se à mesa pra tomar o meu café, notei que pra beber tinha café e suco de caju, bem gelado. Como gosto de café, fiquei com o suco de marca Bom Paladar
Daí bebendo o tal suco, comecei a achar que essa coisa de comprá-lo na porta pra pagar depois não tinha sido tão grave assim, talvez minha mãe tenha feito isso pra ajudar o cara, ela adora ajudar todo mundo.
Mas meu pensamento logo mudou quando uma segunda voz grave gritou no portão da frente:
- Dona Marisaaaaaa!!!
Adivinhem? Era o “moço do queijo”


TIC-TAC


Tem horas que tudo enche o saco. A família querendo se meter em todas as suas ações; o seu emprego que paga bem, mas você acha que não vale mais tanto a pena assim; seu amor, que não te entende e não sabe perceber quando o que você quer, simplesmente, é um carinho e um olhar de aprovação...
Não sei se é possível transpor no papel, no caso, na tela, o quão sufocante pode se tornar esta situação. É pressão por todos os lados, mas a pior e mais sufocante vem de onde eu não posso fugir, de onde eu sou obrigada a ouvir: vem de dentro da minha cabeça.
Dizem sempre que nós fazemos o nosso destino, mas que papo é esse né? Vamos falar a verdade! Se fosse assim tão fácil...Eu queria tanto ter me ouvido mais. Se eu já sabia o que queria ser desde pequena, se eu já era como eu queria ser com 14 anos, por que eu me deixei dominar pelas influências alheias? Por que eu permiti que minha mãe invadisse o meu desenvolvimento com suas ideias "ultra feministas" de que nós não somos nada sem um marido rico?

O meu complexo de Electra está aflorando, meus amigos. Cada dia mais. E eu não suporto ver diante de do espelho a imagem daquela mulher que tanto esforço eu fiz para não ser. Conformada com uma vida medíocre, com um emprego, com estabilidade. Eu não quero estabilidade! Eu quero ir para Itália, estudar Grotowski. Quero fazer teatro no meio do deserto da África, com o Peter Brook!
A bomba está armada e falta pouco para ir tudo pelos ares. Eu sinto. A cada DR, a cada aula de teatro, a cada peça, a cada corrida para bater o ponto no horário...Só lamento não poder voltar a ser aquela CDF de 14 anos, que não ia à praia para estudar francês e não beijava na boca porque não tinha tempo para distrações.

Por que eu mudei de ideia em relação ao sexo? Por que é tão difícil deixar de ser criança e assumir quem realmente a gente é?

6 de mai. de 2010

Tempos modernos - ou 'entreouvido na redação'

- Belas pernas, que horas abre?



Quero casar com Serguei


Sempre gostei dele, por tudo e nada que ele representa, suas letras são toscas, mas sempre transmitem mensagens intensas e verdadeiras. E também tem essa coisa com a natureza que eu amo. Eu casaria com o Serguei.Adoro analisar a arte dele e pensar: - Pra quê falar disso? Ou “Como é que ele teve coragem de gravar isso? Ou “Como nunca parei pra pensar nisso?” 

Serguei é  O HOMEM!

Frases dele no twitter:
  • O único crack que eu curto é o da minha cama quebrando durante uma transa da pesada. ROCK'N ROLL!!!
  • ESCLARECIMENTO: meus joelhos não possuem alucinógenos. Dou lambidas neles pq é uma atitude SEXY. That's all!
  • Tem dias que prefiro mentalizar a lua. Não posso fazer isso quando tem o sol dentro de mim. Perigo de eclipse, man!
  • Acabei de mentalizar o sol aqui. Não me arrependi. Estou quente e bronzeado por dentro. Aplaudirei o meu interior.
  • Vou criar uma Ópera Rock. O nome eu já tenho: SERENATA PANSEXUAL.
  • Na Serenata Pansexual, um cantor brega vira rockstar maldito depois de uma orgia com seringueiras virgens. Eu faria botânica na boa. Respeitaria minhas pacientes. Que nem um ginecologista ético. Sem grilos. 
  •  Cantei Love Me Tender pro meu cajueiro ontem. Algumas folhas caíram. Acho que foi de tesão. 
  • Em algum ponto da galáxia, hj não é segunda e tem alguém tomando um sorvete de diamante apimentado. FUNNY! 
  • Todo mundo declarando imposto de renda hj. SAD. Eu prefiro declarar algo mais importante pra vcs: I LOVE YOU ALL! 
  • O Marconha era tão fissurado por novas ondas que um dia ele fumou um cacho de meus cabelos. Ficou doidaço. 
  • Duvido que o Lula consiga cantar Satisfaction pra milhões de pessoas em Copacabana Beach. Isso sim que é liderança! 
  • Hj eu tenho um encontro comigo mesmo pra alinhar a minha sensibilidade clorofílica. Não posso me atrasar. 
  • Se rolar Woodstock mesmo por aqui, vou sugerir a criação da Tenda do Toque. Todos curtindo um som e se tocando. 
  • Fiquei excitado com uma folha de papel. Isso me deixou confuso. Papéis nascem de árvores assassinadas. HELP!


Sobe som!!!





3 de mai. de 2010

Crises de gases na madrugada

É numa crise de gases no meio da madrugada que vc percebe que não tem controle sobre seu próprio corpo. Nem sei quantas vezes achei que minha cabeça fosse explodir de tanto fazer força para tentar extirpar os peidos ressecados. Minha rosca está em couve-flores... Nem sei se consigo ir trabalhar amanhã. Sinceramente...
Aproveitando o tema, "cu", aproveito para dividir uma informação com os bebuns da madrugada, é sobre um bar muito louco que eu com certeza gostaria de conhecer. Por mais estranho que a ideia possa parecer, é sensacional. 

Bar Rectum
















BarRectum é um bar real construído dentro de um modelo anatômico gigante que representa o sistema digestivo humano, da lingua ao ânus. A empresa Atelier Van Lieshout do projeto do Dutch criou-o há diversos anos atrás para o  museu de Viena.

Da descrição de projeto:
BarRectum, barra de Arsch, barra do Asshole, ânus da barra. Quando as traduções soarem diferentes, o formulário é universalmente conhecido. A barra toma sua forma do sistema digestivo humano: começando com a lingua, seguindo até o estômago, movendo-se através dos intestinos delgado e grosso e expelindo através do ânus. Quando BarRectum estiver anatômicamente correto, a última peça do grande intestino estara inflada a um tamanho que comporte tantos clientes, bebendo na barra, quanto possível. O ânus é parte de uma grande porta com suas pregas como uma saída de emergência.


1 de mai. de 2010


Qual é a semelhança entre o Metrô lotado e a Caninha da Roça?



- Que os dois são difíceis de engolir e fedem pra caramba...