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15 de mai. de 2010

Descarte(s) o idealismo


Querido blog, não sei o que houve, mas estou conseguindo materializar meus sentimentos. Ontem pela manhã eu acordei muito mal humorada, canalizei o sentimento corriqueiro, forcei que ele tomasse cores e formas. Durante o processo diante do espelho do banheiro, fiz muita força mental e prendi-o na boca, depois cuspi dentro de um vidro de maionese e fechei com a tampa laranja.  Guardei o mau humor na minha gaveta, e fui trabalhar com uma leve sensação de vazio matinal.
Claro que no início fiquei assustada, mas depois, olhando a paisagem da Lapa pela janela do ônibus que seguia rumo ao escritório, percebi que isso iria me ajudar, sendo assim, eu poderia controlar minhas emoções sempre que precisasse. Pestanejei e ao olhar para o lado me deparei com o segundo sentimento do dia, uma leve tristeza movida por pena e compaixão, ao ver uma criança brincando no esgoto e comendo lixo. Peguei a angústia que apertou meu peito e joguei dentro da bolsinha de moedas.
E o dia seguiu assim, fui pegando sentimentos e guardando, mas o mais instigante e rebelde de todos foi a “felicidade”. Quando eu estava com o Fred ontem, numa de nossas turnês pelo íntimo intelectual, percebi que ela estava em mim, na hora tentei pegar pra guardar, deixar na minha bolsa e pulverizá-la no ar quando me sentisse infeliz, ou quando precisasse.
 Puxei daqui, puxei de lá, tentei prender com as pernas, unhas, dedos, braços e mãos, mas nada adiantava a porra da felicidade não se materializava nem fudendo. Sentei na cama um pouco frustrada e quando voltei a mim, olhei nos olhos dele e vi um vulto rasgado de cor inédita que me parecia bastante peculiar. Sutilmente ela havia se materializado em forma de homem, saindo de mim, entrando nele, enlaçando o momento e deixando na memória da pele lembranças incríveis. Depois disso eu relaxei e gozei.

3 comentários:

  1. snif snif snif
    in your pocket
    pra sempre

    Javier Barden

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  2. Texto inteligente e filosófico.
    Quem tem o dom da vidência veria a cada sentimento nosso uma mudança nas cores da aura.
    Desde o vermelho da raiva até o rosa do amor...
    Quem sabe até visualizasse a porra da felicidade e a felicidade da porra e conseguisse prendê-la entre as pernas...

    Beijão.

    Ricardo Mainieri

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Áhh, que fofo você comentar!!!