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25 de mai. de 2010

Pela humanização do jornalismo

Eu tento, mas nunca consigo emplacar. :(

XXX

 São Francisco de Assis é conhecido pela proteção e amor incondicional aos animais. Mas no Zoológico do Rio de Janeiro, em São Cristóvão, nem a proteção do santo católico parece ter sido suficiente para dois pinguins fêmeas. Depois de habitarem há dois anos o agradável espaço das aves nadadeiras - único que contava, inclusive, com a bênção direta de uma estátua de quase dois metros do santo - as pequenas foram alvo do instinto de caça de cães de rua no último dia 13.
Malhada e Pretinha, xodós dos tratadores, não resistiram às brincadeiras de uma matilha de rua que, cavando buracos por baixo da murada, fez a maior festa no ZooRio. Depois de passar pelo setor dos primadas e levar alguns passa-foras de búfalos, girafas e avestruzes - animais que também receberam a visita dos danados, segundo a perícia amadora de tratadores, biólogos e zootecnistas -, o grupo de cachorros encontrou nas pequenas desengonçadas um prato cheio, mas que não foi comido.
“Eles fizeram isso por brincadeira, instinto de caça mesmo, tanto que não se alimentaram dos animais”, aponta o zootecnista Marcus Delgado, que ainda está de luto pela perda. “Elas chegaram aqui magrinhas, bastante debilitadas pela viagem, e hoje já se alimentavam sozinhas, sem sonda, e faziam festa para os tratadores. Estavam muito felizes na nova casa, e até um pouco acima do peso”, lembra Marcus.
Por dia, cada uma das pinguins consumia até dois quilos de sardinha ou manjubinha fresca, e podia escolher se exercitar na piscina ambientada com água salgada e densidade similar à marinha, com temperatura entre 20 e 25ºC. Hoje, as duas descansam com outras centenas de animais de pequeno porte em uma fossa séptica no próprio Zoológico - mas, garante o tratador Robson Nascimento, o Binho, vão viver sempre nas memórias dos funcionários da instituição. "Éramos amigos", lamenta o tratador.
Os cães responsáveis pelo fim trágico e inusitado de Malhada e Pretinha - membros de uma espécie que normalmente padece de problemas respiratórios em ambientes quentes, como o do Rio de Janeiro - foram pegos no dia seguinte. Os funcionários do Zoológico bolaram armadilha com carne fresca em uma jaula, que prendeu dois dos desgarrados, devidamente encaminhados à Suipa.
Para que as crianças mais curiosas não se entristeçam com o ciclo da vida, o espaço das pinguins será ocupado, em até 15 dias, por dois cisnes negros filhotes, nascidos na Cidade das Crianças, em Santa Cruz. Mas em junho, como acontece todos os anos, 200 novos pinguis são encontrados na costa do Estado do Rio, dentre os quais apenas alguns sobreviventes ficam em exposição, e o restante é devolvido a Patagônia, seu ambiente natural. Eles são trazidos pelo aquecimento global e pela poluição que atinge suas casas originais - o tipo de coisa em que nem São Francisco pode intervir.

3 comentários:

  1. Achei muito fofa a matéria.
    Aqui no blog tem espaço pq a gente que manda.

    É um grande prazer poder te ler por aqui.

    Parabéns pelo texto!

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  2. o mundo é sempre medíocre diante das nossas boas e competentes intenções. Azar do mundo!
    O que dá prazer não se vende.

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Áhh, que fofo você comentar!!!