Quando escrevo falo de mim ou dos personagens que crio? Que invento nessas folhas e materializo em mim. Quantos personagens sou, fui ou poderia ter sido?Já fugi tanto de mim... nem lembro mais quantas vezes me perdi.
Vou contar uma historinha do meu verdadeiro eu, meu eu mais inventado. Mas o que existe de realmente meu nessa narrativa, apenas eu posso saber. A diversão sádica é exatamente essa, brincar de me esconder enquanto escrevo. Quem sabe eu não encontre um pouco de mim, morta entre essas linhas que guardam letras recém paridas de meus dedos.
Então... era uma vez uma princesinha, que brincava de reinar. Que um dia escondeu sua boneca em um dos imensos bosques de seu reino. Mas esqueceu em que pântano a deixou e chorava todos os dias cheia de amargura. Todas as vezes em que procurava em vão o pedaço de pano velho.
Mas nunca esqueceu sua antiga boneca, sempre viva em sua lembrança, nas mais felizes ou
tristes recordações. E ficava enfurecida quando tentavam dizer quem sua boneca era, como se houvesse alguma verdade a ser dita. Verdade havia: era a verdade dela, só dela. Que mudava e se transformava a cada instante, tantas vezes quanto a princesinha quisesse.
Até que um dia a princesinha cansou de tentar encontrar a boneca perdida. Não importaria mais onde ela estivesse, ela sempre estaria lá, de qualquer forma. Mas a falta da boneca também fez com que a princesinha cansasse de reinar, foi perdendo o amor pela vida.
Foi só quando a princesinha voltou a se apaixonar (ou se apaixonou pela primeira vez) por tudo o que existia, que conseguiu se apaixonar mais e mais por tantas outras coisas, que até então desconhecia.
De quê valeria sua vida, se não houvesse amor? Mesmo a boneca estando perdida.
Inspirada...
ResponderExcluiràs vezes, acontece ;)
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