13 de jul. de 2010
Ele não é assim
Ele seguia insistindo, mesmo com 20 garrafas vazias à mesa, que ele “não era assim”. Falou para cada presente, fazendo questão de explicar o tempo todo que aquela não era uma situação corriqueira e por isso o comportamento bizarro.
Afirmou que não esquece das coisas, que não enche a paciência de ninguém, que não comeu pastéis da última vez, que não escreve coisas desconexas, que não era um radical. Ele não era assim, como é que pode meudeusdocéu?
“Como é que se pode assassinar assim a reputação de uma pessoa?” bradava ele, indignado.
Eu e todos os presentes à mesa tínhamos certeza de que ele era sim tudo aquilo que estava fazendo questão de negar (até cheguei a pensar que talvez ele estivesse certo, devido ao meu escasso convívio ultimamente, mas não).
Talvez essa tal “situação adversa” tenha trazido à tona todas as verdades sobre ele mesmo para ele mesmo – e isso o deixou chocado. Uma vítima, coitadinho.
No fim, disse que precisava resolver umas questões em sua cabeça e que, para isso, talvez procurasse a ajuda de um analista - em Copacabana, claro. Na próxima vez ele vai dizer que não falou nada disso, porque, afinal, ele não é assim.
Digo então, categoricamente, que, sendo assim, você é assim sim. E espero que siga sendo.
E ontem não choveu*
*Seguindo a tendência de mensagens desconexas.
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crise existencial, sei como é
ResponderExcluiras masculinas são mil vezes piores
adorei!
ResponderExcluirinacreditavel. ele não é assim.
ResponderExcluirconheço ele ja anos. "terapia" ele nunca usaria.. nem depois 20 garrafas. em copacabana.. muito bom..!