O ato de montar palavras que expressem ou não um significado. 
Fiquei pensando sobre o peso do significado em si. 
É natural que o ser humano busque significados para tudo, faz parte do DNA.
Outro dia eu li um poema sobre persianas que me chocou. 
Falava de como elas se relacionavam com o lado de fora e de como estava tão dentro ao mesmo tempo. Até as frestas da persiana foram descritas de uma maneira linda. Aparentemente um tema impossível de se poetizar. 
Durante o papo, surgiu um assunto sobre estilo, alguém disse que não gostava dos “poetas abstratos”, aqueles que não exibem produto bruto no final. Outra pessoa falou que odiava quando o poema falava das pieguices do amor. Pois bem, o que eu acho não importa muito, e o que sei, é que alguns poetas simplesmente conseguem me despir totalmente. 
O que me toca é a poesia sem peso, eu acho isso lindo. E ninguém melhor do que Wally Salomão para discorrer perfeitamente sobre o assunto, através de um poema lindo e feminino. Bebam!!! 
EXTERIOR 
Por que a poesia tem que se confinar 
às paredes de dentro da vulva do poema? 
Por que proibir à poesia 
estourar os limites do grelo 
                              da greta 
                              da gruta 
e se espraiar em pleno grude 
                      além da grade 
do sol nascido quadrado? 
Por que a poesia tem que se sustentar 
de pé, cartesiana milícia enfileirada, 
obediente filha da pauta? 
Por que a poesia não pode ficar de quatro 
e se agachar e se esgueirar 
para gozar 
-CARPE DIEM!- 
fora da zona da página? 
Por que a poesia de rabo preso 
sem poder se operar 
e, operada, 
                   polimórfica e perversa, 
não poder travestir-se 
                   com os clitóris e os balangandãs da lira? 
(Do livro -Líbia) 

Esse era porreta!!!
ResponderExcluirJunto com o Roberto Piva e o Glauco Mattoso formariam um trio imbatível.
Beijão.
Ricardo Mainieri