
Nesses momentos, há de se aprender a respirar. Inspira, prende, expira, relaxa. Dizem que ajuda o sangue a circular devagar, e a onda é quase a mesma de uma taça de vinho. NOT. Não funcionou, constatou, coçando a cabeça. No escritório, o cenário era deprimente. A tia secretária com as unhas pintadas metade de verde, metade de amarelo, a camisa do brasil de cotton deixando escapar aquela língua simpática de banha, a calça jeans para surdo-mudos, nas quais uma leitura labial pode render altas putarias (claro que não com aquela bunda de nós todos).
As colegas de trabalho todas usavam roupas nas cores da bandeira, penteados ufanistas, com fitinhas purpurinadas, e sombras verdes e azuis. A decadência, pensou ela, irritadíssima. Faltando dez minutos para o jogo, desligou o computador. Colocou a cadeira de frente para a TV e assistiu a todos os companheiros de escritório saírem em direção ao elevador. No bar da rua, mesas estavam reservadas. Mas ela estava sem tesão.
A cada avançada da Coréia, urrava por dentro. Torcia contra, de propósito. Vibrou com a performance meia bomba de Kaka, e se emocionou com o camisa 9 asiático, que ora chorava de emoção ora investia contra Julio Cesar. Ao primeiro gol, gritou de raiva. Ao segundo, chorou. Só imaginava seu namorado comemorando, bêbado, o gol com a buceta amiga, metendo nela toda a felicidade do mundo.
Naquele mesmo dia, terminou a relação. E deu pra um negão tesudo do escritório, com família na Costa do Marfim. Domingo promete.
um negão pra sair do tédio é sempre bom!
ResponderExcluirAdoiro o negão! Nunca dei para nenhum, mas a pegação, papai... já vale muito a pena
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