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24 de jun. de 2010

A dama da lotação


As portas do metrô se abriram e ela entrou. Meu olhar dirigiu-se imediatamente para aquela mulher. Era como um imã. Ela se sentou nas cadeiras laranjas, destinadas aos idosos, gestantes e deficientes físicos, bem ao meu lado. Segurava uma pequena bolsa. Vestia roupas coloridas e seus cabelos cacheados iam até os ombros, onde ficavam mais claros, num tom de mel impressionante. Falava num tom baixo, peculiar, pouco comum às mulheres. Tinha gestos de princesa, delicados, suaves, como eu sempre quisera ter. O homem ao seu lado prestava atenção em tudo que ela falava: apontava para o caderno em suas mãos, onde dava para ver algumas palavras e desenhos, sobre as propagandas no túnel do metrô - aquelas animadas, sabe? Como eu queria exercer este fascínio sobre os homens. Fez graça tentando prender os cabelos. Jogava os cachos para o alto, fazia menção de prendê-los, mas logo depois os soltava novamente, claramente jogando charme.Sempre sorrindo para ele.

Estávamos na estação de Botafogo quando ela entrou. Não foi uma viagem longa, ela desceria logo ali, no Catete. Como um sexto sentido havia me avisado, apressei-me por reparar-lhe cada detalhe, cada movimento, cada gesto. Ela voltou os olhos em minha direção. Olhou firme e decidida. Depois os baixou novamente, cochichou no ouvido do homem, que a abraçou. Ela teria ficado com medo? Logo depois, tornou a olhar-me. Sorriu discretamente com o canto da boca e deu a mão ao homem que a acompanhava. Ela tinha confundido: achava que eu o olhava, quando na verdade era ela, figura tão singela, o objeto de minha atração. Levantaram-se para sair. As portas abriram e meus olhos a acompanharam novamente. Antes que o metrô partisse, ela me olhou de novo. Dirigi-me então ao homem que a acompanhava, sorrindo para ela:

- Ela é linda! Quantos anos tem?

- Cinco - respondera o pai orgulhoso - É linda mesmo, né?

Ela nem me deu ouvidos. Com seus pequenos trejeitos de mulher - inacreditáveis para a idade - saiu do carro, segurou firma a mão do pai. Olhou para trás com desconfiança e ar de superioridade, comum às mulheres, sempre competitivas. O metrô saiu antes que eu pudesse lhe esboçar outro sorriso.

4 comentários:

Áhh, que fofo você comentar!!!